EU E A SANTA
Fui batizado aqui na Capital e fiz a Primeira Comunhão na Igreja Matriz de Encantado. Estudei dois anos primários na Escola Madre Margarida de Encantado, assim como os quatro anos ginasiais no colégio jesuíta Anchieta de Porto Alegre. Casei-me no religioso lá na Igrejinha da Vila Assunção, batizei meus filhos, mas não tenho muita certeza de que eu seja católico. Acho que sou um livre pensador, que não curte rituais, rótulos, dogmas ou liturgias. Seja como for, pertenço, no meu endereço residencial, à Paróquia de Nossa Senhora de Lurdes e regularmente recebemos, aqui no apartamento, o pequeno oratório de Nossa Senhora, tal como desfrutei por muitos anos no apartamento de meus pais, na Avenida Senador Salgado Filho, 23° andar, Edifício Jaguaribe. Quero enfatizar que continuo a acolher a “Santinha” com o maior respeito e satisfação. Meu agradecimento à Santa advém de vários motivos, mas, tenho de confessar que um deles tem natureza levemente econômica. Lá pelos meus 16/17 anos, sempre duro e ávido por eventos, algumas vezes ajeitei um clips para pescar, pela fenda através da qual os fiéis inseriam suas contribuições, uns dez ou quinze pilas, que ajudavam a viabilizar minhas andanças. Perdão, minha Santa, faço agora pública confissão para atenuar os pecados juvenis, reconhecendo que não fui um bom católico, mas que, anos depois, compensei com alguns donativos.. Creio, no entanto, que Nossa Senhora fazia vistas grossas e torcia por mim: meus censores seriam a Paróquia, a Cúria Metropolitana e o Vaticano, mas aí já é outro papo. De vários modos, procurei ao longo dos anos pagar penitência por estes pecados adolescentes. Mas nada melhor e mais católico do que a confissão. Por fim, noto que os oratórios atuais não possuem “cofrinho”, talvez, justamente, por ter havido mais gente “pescando” do que contribuindo, não sei. Espero não ter dado início a este “desvio de finalidade”. Seja como for, sou grato demais à Santa, inclusive, errando, aprendi a ter respeito.