Dor crônica sem crônica (Dor de cabeça crônica)
A dor de todas as crônicas que eu quis escrever e não consegui, tornou-se crônica. Aliás, ela é essa crônica aqui. Ter lido Rubens Braga, Machado de Assis, Domingos Pellegrini, Carlos Drummond de Andrade, Ignácio de Loyola brandão, Thomas Wolfe, Rubens Fonseca, Mário de Andrade em contos novos, e tantos outros, não me adiantou de merda nenhuma: eles não fizeram de mim um cronista. E que dor, droga. E o pior é que dor crônica não tem cura, eu pesquisei no Google. Descobri também que o tratamento para amenizar o sofrimento inclui medicamentos, fisioterapia e até cirurgia se for o caso...
Pronto, tomei vinte gotas de dipirona e Edith Piaf está girando na vitrola. Será que agora essa dor passa, será que agora essa crônica tem tratamento? Rogai por mim, seu são Francisco de Sales (Padroeiro dos jornalistas e escritores. Também pesquisei no Google), fazei de mim um cronista! Dei-me inspiração para emendar esse parágrafo como o próximo, o texto precisa de ritmo, São Sales, eu não posso quebrar a narrativa assim, do nada...
Estão dando uma festa aqui na rua hoje. Lá na casa da loira, apelidada por uma vizinha minha como, “a Chuck”. Uma daquelas festas pra crianças em que os adultos é que aproveitam mais, sabe. No meu tempo eles pelo menos colocavam um pouco de Xuxa, sei lá. Mas agora, disse o fracionário, as crianças preferem ouvir Anita. Talvez esse seja um dos motivos de tantas crianças com crianças por ai...
Lá pelas dez da noite não se ouvirá mais as vozes das crianças correndo pra lá e pra cá. Brincando. Rios de cerveja na geladeira e Wesley Safadão no último volume do rádio, esse será o som predominante madrugada adentro. O som que nesse momento está competindo com a Piaf na minha vitrola. O som que me inspirará a escrever o restante dessa crônica, ou piorar a minha dor crônica sem crônica. No finalzinho da festa vai ter uma briga. Eu vou escutar os gritos dessa briga daqui também. Eu vou estar brigando com a minha não-crônica. Não essa aqui, mas a que gostaria de ter escrito.
Contrato um Ghost Writer?