TOQUE DE MIDAS
Inicialmente, convém esclarecer que o Rei Midas, personagem da mitologia grega - mas que, parece, realmente existiu - era um Rei da Frígia (Turquia) na Antiguidade, que aquilo que tocava transformava em ouro. É por isto que se atribui a certos indivíduos o célebre “toque de Midas”, ou seja, o que fazem, transmuda-se em ouro, dá lucro. O trabalho, a dedicação, o suor, a responsabilidade e a perseverança são atributos indispensáveis ao empreendedor ou ao trabalhador comum: alguns apenas sobrevivem ou permanecem na metade do caminho; outros atingem rapidamente o estrelato em suas áreas de atividade. É o indecifrável segredo do sucesso. Quanto mais cedo a gente se dá conta de que tem ou não o “toque de Midas”, acredito que é melhor para encaminhar os negócios e a vida. Há muitos anos, concluí que não fui contemplado com este dom específico, assim como não possuo a sorte para jogos em geral – que traz a alegria ou a fortuna para alguns poucos. Tudo bem, não há problema, salvo se você insistir em percorrer um caminho que o Destino não lhe reservou. Para ser feliz e viver bem, as pessoas não devem restar prisioneiras de fantasias e aspirações inadequadas. Foi o que aprendi nesta longa trajetória e posso deixar como legado. Colocar um tijolo sobre o outro, com as próprias mãos, com paciência e alguma visão, pode projetar o indivíduo a um patamar tão elevado quanto um golpe de sorte, de malícia ou desfaçatez. Sem estresse e com um mínimo de elegância. Vale para o trabalho, para os empreendimentos, para a política. É coisa que normalmente não acontece lá pelo meio da existência do vivente, como se baixasse a pomba gira, de repente. Ser um Midas moderno, no sentido mais amplo, pode ter charme, mas é preciso muita frieza para suportar os atropelos e a revolta dos fatos, notadamente em tempos de desigualdade e de grande emulação. Afinal, não vivemos na Antiguidade. Não é possível que a pessoa - desprezando seu potencial e condições - mergulhe no sonho da mitologia para incorporar espectros ou fantasias de riqueza e poder, quando não passa de um ser comum. Não raro, comum demais. Acho, enfim, que “toque de Midas” é só coisa de História Antiga.