Imagem: Google (modificada)
Ah! As formigas...
Ah! As formigas...
Não gosto de matar nada.
Não aprecio a morte quando não é a própria a trazer sua foice e brami-la ao ar antes do golpe final, porque tudo que é vivo tem um único e irrefutável direito: A vida.
Mas confesso que sou impiedoso com as formigas, talvez porque elas sejam também impiedosas comigo.
Elas atacam minha comida, e o naco que não conseguem carregar, deixam impregnado de mil bactérias.
Elas são silenciosamente perniciosas.
Acabam com seu jardim antes que você perceba.
Entram por todas as frestas, carcomem as paredes, fazem ruir casas infinitamente maiores que seu reduzido universo.
E são telepatas. Conseguem se comunicar com um toque de antena.
Claro que não posso negar que são extremamente mais disciplinadas que eu e toda a raça humana, mas sua organização irritantemente correta (até nas pretas fileiras pelo chão) não é premissa para a minha simpatia.
Sei que elas fazem o que a elas é inerente, como a todos é: Luta pela sobrevivência.
Mas me permito um breve instante de irrupção, qual irada ilha paradisíaca nesse infinito oceano de falsa calmaria, repleto de vãs cortesias e gentilezas hipócritas, que é o mundo:
Vão se ferrar, formigas malditas!
Não as vou envenenar, porque odeio os venenos mais do que odeio as formigas, mas jamais me furtarei a travar a eterna luta da vida e da morte com elas.
E com certeza, ao final, sairei perdedor, pois elas é que comerão meu corpo depois que a negra foice bramir em minha direção e me abater.
Mas enquanto isso não acontece, serei sim, um formicida poderoso, um Átila que as fará estremecerem ao ouvirem o trotar incandescente de meu ungulado enfurecido.
E se a máxima ‘que vença o melhor’ é verdadeira, então sou obrigado a admitir:
As formigas são melhores do que eu.