Eu minto, minto e minto!
Tive que mentir. E eu não gosto de mentir, não é algo que me dá prazer, mas sempre me vejo preso a situações que me levam a mentira. É sério, realmente não me agrada a mentira, mesmo as mentirinhas inocentes, mesmo as para não magoar ou proteger a quem se quer bem. Mesmo as mentiras por autodefesa, sobrevivência, para evitar fadigas maiores... Porém, por mais que eu tente o contrário, eu minto, minto e minto!
Hoje mesmo menti pro cobrador do ônibus. Isso porque se tivesse dito pra ele que havia sim os cinquenta centavos escondidos nas profundezas do bolso da minha calça, eu não teria trazido a bendita moeda para casa. Se eu tivesse lhe dito a verdade, que não ia poder lhe entregar a moeda para facilitar o troco, pois precisava dela para o meu porquinho, ele com certeza não encararia essa justificativa numa boa, não entenderia essa minha mania. Não dá para ser sincero cem por cento, tem que se mentir para evitar contendas!
-Uma mentirinha inocente, estás absolvido meu filho!
Aliás, como foi que ele conseguiu sobreviver trinta e três anos sem umas mentirinhas? Haja sabedoria para escapar de todos os ataques, que certamente vinham de todas todos os tamanhos, direções e formas!
Minto para não ter que fazer o que não quero, pois, na maioria das vezes um simples “não”, não bastaria. Minto porque não sei como dizer “não”, um “não” com sabedoria. Amanhã nunca mais!
Minto inconscientemente. Minto inconscientemente para conseguir o que quero.
Minto para não criar inimizades. Minto para agradar, para fazer algum bem.
Minto por preguiça. Minto por medo.
Minto pra mim mesmo, alimento ilusões, só para dar esperança e sentido à vida. Mesmo sabendo que a única esperança que existe nesse mundo, é o supermercado comercial esperança.
O diabo é o pai da mentira!