A CASA, O QUINTAL... E A SAUDADE!

Da janela,

Avisto a casa ao lado, pintada de cor de rosa.

E a paineira amiga, sombreia, num colorido igual.

Alguém vem vindo, andando, com as mãos cheias dos ovos frescos, colhidos agora.

Tal qual criança que foi, e ainda conserva muito dessa criança consigo, coloca alguns ovos no bolso da camisa, da calça, para ajudar no transporte.

E a vista corre pela paisagem, colhendo o frescor do dia, que amanheceu nublado, prometendo a chuva esperada e que será tão bem vinda.

O dia está convidando a ficar assim, observando...

Procurando o que na pressa de todo dia os nossos olhos não veem.

E meus ouvidos estão atentos, ao trinado dos passarinhos.

Bem te vis e canarinhos, parecem competir, cantando todos ao mesmo tempo.

Vejo um canário amarelo pousando na árvore ao lado,

Mas a borboleta encanta na florzinha do jardim.

Dias assim, me leva ao tempo que se foi...

E se foi há muito...

Um tempo em que vagalumes compunham a cena familiar das "contações de causos".

Para que luz elétrica, se a lua nos proporcionava a claridade necessária e ideal para o momento e para o cenário das narrativas?

Interessante, que a maioria dos "causos" contados era de terror e era grande a expectativa para o final da história.

Outros "causos" tinham fundo moral, e a maioria nos enternecia, pois sempre havia uma luta entre o bem e o mal, onde o bem sempre vencia nos mostrando um lado puro da vida.

Crianças puras que fomos...

Sempre tinha alguma guloseima, prática, pois todo mundo de "mamando a caducando" queriam estar na roda.

Às vezes pipoca, bolinhos de chuva, chá, coisinhas assim, que complementava, pois o foco eram as histórias.

Meu pai contava as suas, e ele tinha uma especial "Os 40 bois", tantas vezes nos reunimos, tantas ele contava, e todo mundo ria, mesmo que já conhecesse e tivesse ouvido muitas e muitas vezes.

Tem coisa melhor que ouvir um pai contar seus "causos"?

Tem magia, tem orgulho, tem admiração,

Tudo isso envolvido, com as emoções da narração.

Como tudo foi tão bom!

O dia me levou lá atrás...

E agora me traz de volta à minha realidade...

Tudo está tão quieto!

Não foi o dia...

Foi a saudade...

Irani Martins

23/04/2014

Irani Martins
Enviado por Irani Martins em 16/03/2016
Código do texto: T5575229
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