VIDA SEM ALMA
E há aqueles dias...
Que todas as palavras ditas e escritas, não cabem, nem servem para si mesma.
Que todos os seus credos se transformam em dúvidas e dentre essas, sua própria existência.
Já não se trata de saber sobre missão...
Isso agora está muito além da minha capacidade de buscar entender os mistérios da vida.
Busco, agora, procurar respostas, imediatas, que preciso para sair das minhas próprias trevas.
Sair de mim mesma, é a tarefa mais difícil que já me deparei nessa minha caminhada.
Não envolve apenas remexer feridas abertas, que sangram e dificultam a limpeza para a cura.
Significa trazer à luz as feridas e o que busco ocultar como defesa.
Desconheço-me, nesse corpo sem alma. Já que vida, nada mais é, que a alegria da alma.
Sou apenas um bloco, vazado, já que sou toda abismo, sem conexão com nada.
Não é verdade...
Conecto-me a esse “sentimento” estranho, que me rotula ninguém, ou nada, pois não há, de verdade, um termo que explique se sentir assim.
E não há milagre que chega, te envolvendo, remendando suas dores, preenchendo seus vazios.
Não há...
Sempre é preciso buscar!
Mas não há força na inanição dos meus pés. Nem coragem na minha alma sem vida.
Lembro-me de ter feito isso, com palavras, feito rima, tinha som, havia riso...
Mas quem leu, ouviu a música composta em rima, achou interessante a escrita, admirou a grafia correta, mas não leu a emoção da mensagem.
Mas houve até quem não lesse!
Vieram então outras artes, já que a vida pede teatro, e foi ficando tarde, para novas formas de expressão.
Aqui estou...
Nesse nem sei quem sou...
Tantos falam de solidão, achando que a palavra explica estar-se só, sem outros à volta.
Solidão é mais que isso...
Solidão é não ter ninguém, nem encontrar a si mesmo.
É ser ilha, e não se situar dentro dela.
O que está fora não adentra...
Não tem pulsação...
No seu próprio coração!
Irani Martins
09/03/2016