CARNAVAL, CARNAVAL!
E, há pouco, lá se foi Andrea bem animada para a bela Punta Del Este, onde desfrutei bastante há uns 17 anos. Gostei, mas não é exatamente a minha praia. Disse-lhe, em face do elevadíssimo valor do dólar: “Vai, vai ser pobre entre os ricos, que eu fico por estas bandas me defendendo entre os iguais”. Naturalmente é uma brincadeira, mas temos viagem de vários dias ao Rio de Janeiro, no dia 16 de fevereiro, além de um plano individual de viagem para Havana, ou de casal para o Chile, em agosto próximo. Tudo é válido, apoio qualquer viagem, mas estou praticamente cruzando o RUBICÃO, na longitude 70, se é que me entendem. Como cantava Wilson Simonal, “Pra ter fonfom, trabalhei, trabalhei”, gosto de alguma mordomia e, acreditando que ainda tenho horizontes, espero melhores momentos para curtir o mundo do jeito que me agrada mais, sem jogar dinheiro pela janela.
Há uns quinze anos, fui com os filhos passar oito dias em Salvador, Bahia. Alugamos um carro, que minha filha Paula dirigia, e aproveitamos várias praias e todas as delícias da Capital e cercanias. Mas nosso retorno a Porto Alegre estava marcado estrategicamente para alguns dias antes do Carnaval. Por aqui, os filhos foram para a praia e eu me dediquei à recuperação espiritual no meu antigo apartamento da Fernando Machado, hoje alugado. Era separado e morava sozinho numa região muito bem servida de Porto Alegre. Ar-condicionado a mil, muitos filmes para assistir e livros para ler, a internet plenamente disponível, contava sempre com a cômoda entrega de boa comida a domicílio, abastecido de todas as bebidas necessárias ao melhor desfrute. Assisti, pela tevê, aos melhores momentos momescos baianos, com todo aquele povo desvairado, e, honestamente, só pensava assim: “que bom que não estou lá”. Pouca gente no prédio, toda Porto Alegre ao alcance da mão e o aconchego da casinha. Bem, o tempo passou e, desde então – para não falar em idos tempos – ora só, ora já novamente casado, diversifiquei bastante. Nunca curti muito o Carnaval, mas, por força das circunstâncias, abracei tudo quanto foi parada, inclusive, frequentando o Clube da SACC (Sociedade dos Amigos de Capão da Canoa) em baile daqueles bem tradicionais. Agora, resolvi me aquietar. A mulher, por outro lado, que entrou em férias hoje estava com vontade de ir a Punta, por convite de nossos grandes amigos Barreto e Virgínia, que por lá alugaram apartamento. Viagem de ônibus, para mim, nem pensar, é muito tempo sem fumar. Mas apoiei a parceira. Prontifiquei-me a passar o carnaval inteiro em Porto Alegre com os três Poodle, já que nossa secretária não terá problemas em continuar atendendo a casa. A conclusão não é a de que sou um bom marido e nem o que diz meu filho Tiago de que adoro ficar sozinho (ele alega que o cárcere, no meu caso, não faria tão mal assim). Vamos dizer que, num período de crise econômica, a gente tem de ser comedido e mais seletivo. Se eu fosse a Punta, com certeza, escolheria hotel não muito barato e viajaria, é claro, de avião. De carro, não me aventuraria jamais. Minha última viagem automobilística longa foi até Santana do Livramento, por circunstâncias familiares, e acho que esta aventura encerrou minha carreira rodoviária de grande alcance. Portanto, agora estou à procura de um cachorródromo carnavalesco, ao menos para curtir uma noitada.