Crônica de um amor exagerado

Um amor que não era imaginado, que não era esperado, que nunca havia acontecido. Talvez no espiritismo estivesse a ilusão de tão grande amor, nos cenários escuros muitos amores haviam existido. Vidas passadas e ao mesmo tempo futuras, tudo em um medo real de apreciar o que está ao alcance do instantâneo coração. Mensagens foram trocadas e comportamentos fizeram um pacto pela eternidade.

Famílias desestruturadas entraram em sintonia. Crônicas se repetiam, tanto na tristeza, tanto na plenitude da alegria que o amor provocava. Quanto ao sexo, talvez tenha chegado tarde para um profundo prazer. O problema maior esteve no desrespeito do poeta e na ignorância da deusa diante coisas demasiadamente parte do ser humano.

Leituras na união de dois corpos afastados pelo medo em enfrentar o novo. Claro que a velhice consumia quem queria ser mãe, claro que a velhice consumia uma fumante aflita. Como em qualquer maldito romance, peças fora do jogo interferiam na relação. Diante uma crença medíocre, até os mortos eram movidos para que a vida tivesse mais sentido.

Aos poucos o amor elevou o estado de espírito de quem queria muito mais do que sucesso. Das brigas restaram crônicas, das crônicas se fizeram livros, das palavras sinceras muitos leitores inexperientes se afastaram do poeta. O terreno da arte provou do crime e do crime nenhuma algema tinha sentido sem uma reflexão sobre o estado vergonhoso do próprio crime. Mortes acontecerem e nascimentos não existem para doentes terminais ou mulheres que nem mais útero possuem.

A dor não adianta, não resolve, não cura. O que cura é o amor, é a confiança. Ainda que para superar seja necessário ser independente das migalhas de um marido traidor. Acredito que ainda seja jovem para caminhar com as próprias pernas e romper com os indelicados, ainda acredito que algumas mulheres precisam de um homem canalha para se sentirem mulheres.

Um dia estarei morto e enquanto estou com vida é muitos que irrito, sendo que quando me assassinarem de verdade serei demônio em suas vidas, serei a causa da prisão de meus inimigos ou simples matança provocada pela legião que me acompanha. Certamente um grande poeta precisa de suas loucuras. A perseguição que faço é em nome do amor, da honra, da beleza, da sabedoria e da força que me alimenta. Sou a vela de uma crônica cercada de dúvidas e de um amor que irá me enforcar aos sessenta anos de promiscuidade.

Escritor Joacir Dal Sotto​

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Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 03/01/2016
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