O whatsapp voltou! Viva o whatsapp!
E tanta gente se desesperou ao pensar na hipótese de ficar sem whatsapp. Sem o aplicativo que revolucionou toda a humanidade!
Ensinaram formas de reconfigurar o app, mudando a localização para que o mesmo voltasse a funcionar.
Baixaram aplicativos similares, alegando, inclusive, ser melhor que o whatsapp.
Todo mundo no desespero de ficar ausente dos seus grupos. Incomunicáveis por um certo período.
Mas realmente o que você tem comunicado?
Até que ponto o app é importante ou você deu mais importância do que ele tem?
O tempo que você poderia curtir a vida, olhando para o lado, por ficar sem o whatsapp, você estava desesperado, tentando baixar outro aplicativo, outras formas de ficar mais preso.
Você é quase parte desse aplicativo, um robô programado para integrar um movimento que você nunca questionou realmente que importância ele tem ou como é viver sem ele.
Depois todos anunciaram, com um sorriso bobo na cara, a volta do whatsapp. Acho que se alguém falasse: "Jesus está voltando!" alguém se manifestaria, dizendo: "Não me interessa Jesus agora, eu quero meu whatsapp".
Somos uma grande sociedade. A mesma que ri e compartilha vídeos no whatsapp, como o da Fabíola que não foi a manicure, sem questionar que, por trás de uma situação que leva ao riso, há seres humanos com suas vidas além daquilo. Mas, dane-se, né? Rir e apontar o dedo na cara dos outros é mais interessante.
Lembro de tantas coisas que são compartilhadas no whatsapp. Como algum vídeo que vazou com alguém fazendo sexo. A Fran de Goiânia é um exemplo. Uma jovem bonita de 20 anos, transando com seu namorado. E no vídeo ela faz um sinal de OK e isso virou meme. O vídeo foi compartilhado pelo mesmo whatsapp para que mais pessoas o passassem adiante e fizessem o mesmo gesto de Ok para rirem de alguém que se ferrou antes delas.
A Fran foi forte e suportou firme, mesmo tendo perdido emprego e saído da faculdade por conta da divulgação das imagens. Outras meninas não suportaram. Muitas se suicidaram e isso pra mim é alarmante. Ou seja, quem compartilha tais imagens pelo tão aclamado whatsapp será que se sente responsável pelo final trágico de alguém? Ou tudo vale pelo riso?
Pode ser que eu esteja misturando as coisas ou sendo dramático. Será? Acho que tudo isso é só uma reflexão particular minha de uma sociedade em frangalhos que se desespera pela ausência de um app enquanto atrocidades muito maiores acontecem no mundo.
Não acho injusto ficar sem whatsapp porque há tantas injustiças muito mais graves e pessoas aceitam caladas ou as consideram normais. Por exemplo, agora a Fabíola é a safada da vez, apedrejada, condenada por uma sociedade machista. E sim, recebi o vídeo por whatsapp logo pela manhã. Chegaram até a dizer que o whatsapp saiu do ar porque o advogado da Fabíola era o cara! Assim como disseram que foi culpa do PT. Ou que foi uma artimanha para calar o povo. Aliás, esta última foi a que mais me fez rir. Como se só existisse o whatsapp para você se articular. Quer protestar, fazer algo maior? Você tem mil formas. Pode fazer um vídeo pro Youtube - afinal, ele não foi tirado do ar, assim como sua página do Facebook. Faça algo, então.
Realmente é uma grande estratégia calar o povo, tirando o whatsapp do ar (risos). Se você fosse um grande revolucionário que precisasse falar, você pegaria o tel, mandaria e-mail, faria um blog e convocaria a todos para ir pra rua fazer a revolução. Porque desde que me entendo por gente, a rua ainda é palco das grandes revoluções.
Mas agora que você tem o seu whatsapp de volta pode mandar aquele vídeo engraçado ou foto maneira com aquela grande piada. Esqueça a revolução! O bom é gargalhar com aquele grupo maroto que você criou do seu bairro.
Obrigado e boa noite, Brasil! Meu whatsapp tá apitando aqui.