natal

Natal não é dia de presentes. Natal é reunir a família sem encachaçar-se para reverenciar o amor.

“E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.” (Lc 2,7).

Ali, naquela rua deserta, já tarde da noite, um frio de congelar os ossos. Enxergava-se ao longe um vulto, e ao chegar mais perto, não dava para acreditar que a realidade estava ali, a esbofetear aos que se propusessem a ver, uma senhora, aparentando muito além da idade do tempo, já arqueada, sem brilho, e sem luz, a não ser o do foco da lâmpada acesa que clareava a minha indignação! Olhar não é ver.

Muitos passantes, passam olham, olham e poucos veem. E na medida em que lançamos um olhar com profundidade podemos constatar a grande quantidade dessas pessoas que estão a cada dia mais e mais vivendo nesta situação. Ver é um olhar de compaixão e de misericórdia.

Os pobres gritam e seus gritos que não se ouvem a não ser com a sensibilidade da alma e do coração.

Gritam os moradores de rua, as mulheres violentadas, as crianças abandonadas na rua ou dentro de seus próprios lares.

Muito ouvem, mas poucos escutam. Muito veem, mas poucos enxergam!

Os transeuntes passam, passam. Os carros, as lojas, os teatros, os museus, os restaurantes, os escritórios: tudo funciona. Porventura observamos alguma lágrima, cruzamos com pessoas chorando na rua? Alguns até passam agarrados e beijando ao seu cão. Cão beijado e bem alimentado, vacinas em dia, colado ao colo, ao chegar a casa e, já com fome vão cozinhar ou assar alguma carne para se alimentar, e que carne será? De algum animal maltratado na engorda com antibióticos e assassinado na crueldade que não o seu cão; sacrificado!

Como um ser humano beija um animal e come carne de outro animal?