Eis a verdade, nua e crua (*)

Ao final da crônica anterior, intitulada Brasil de Ontem e de Hoje – Continua uma Vergonha, prometi ao leitor comentar sobre a situação econômica brasileira, decorrente da desastrosa administração petista, e com os astronômicos gastos para realização da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. A derrocada econômica que nos aflige hoje se associa à de amanhã. O caos político vivido pelo país somente terá fim com a saída de Dilma Rousseff, seja pelo impeachment ou pela renúncia. Qualquer uma dessas providências será bem-vinda!

Os gastos com as próximas Olimpíadas endividarão ainda mais os brasileiros. Dados apurados pelo Banco Central e IBGE dão conta de que cada cidadão já nasce devendo cerca de R$ 12.000,00. Com as despesas do magno evento desportivo... Sei não!

Acontecerá, não imagino diferentemente, o que ocorreu à Grécia, patrocinadora das Olimpíadas de 2004. A gastança desembestada dos gregos, aliada, como no Brasil, à corrupção, elevou a dívida pública a 121% de seu Produto Interno Bruto. Do Olimpo, os deuses gregos poderão socorrer o seu país. Aqui, na terrinha, talvez sejamos resgatados por nosso herói nacional, Macunaíma.

Enquanto o cidadão comum será privado de recursos para a saúde, a educação e a segurança pública, os espertalhões incrustados na máquina governamental, partidários de empreiteiros desonestos e corruptores, farão festa com o nosso pobre dinheirinho.

Não tenha dúvida, caro leitor, dessa realidade. Em eventos de menor envergadura, com os Jogos Pan-americanos, realizados no Rio de Janeiro, a roubalheira foi grande. Agora, não será diferente. Admita. Deixe de lado seu generoso espírito de complacência e de credibilidade com esse governo que está aí, e reflita sobre essas questões: inflação ascendente; desemprego em alta; juros elevados; e a desconfiança empresarial sobre a economia.

No Brasil de hoje, alardeado pelos petistas como autossuficiente em petróleo, o preço da gasolina disputa as alturas com aeronaves que sobrevoam o céu à espera de vaga para aterrissarem nos congestionados aeroportos; a infraestrutura operacional é caótica, faltando quase tudo ao desenvolvimento do país, com as estradas esburacadas, sem duplicação para dar velocidade ao trafego e reduzir os acidentes fatais; os portos são incapazes de atender a demanda provocada pela pujança econômica, agora enfraquecida; os hospitais públicos não cuidam do cidadão carente, que morre todo dia em macas e colchonetes infectados; as escolas mantidas pelo governo remuneram mal seus professores, em número insuficiente, e ainda reclamam por instalações mais bem aparelhadas para transmissão do conhecimento; a segurança de todos nós está entregue a sorte de cada um; o transporte de massa anuncia-se envelhecido, desconfortável, inseguro e pouco; as ferrovias são raras, quantitativa e qualitativamente, considerando que dispomos de pouco mais de 29 mil quilômetros de trilhos contra mais de 230 mil dos Estados Unidos; os metrôs existem em pequeno número, e nas poucas capitais em que dão sinal de vida “cambaleiam”, ameaçando matar sufocados, pela excessiva quantidade, os passageiros...

E o governo ainda fala em construir o trem-bala para ligar o Rio de Janeiro a São Paulo. O projeto foi aprovado pelo Senado, que fechou os ouvidos às opiniões contrárias de especialistas. Não se sabe o custo total da obra nem existem estudos de engenharia que assegurem o êxito do empreendimento que poderá superar dezenas de bilhões de reais.

Mal intencionado, digo isso baseado na história corrupta de nossos dirigentes, o governo, através do Tesouro Nacional, viabilizará o trem dos sonhos petistas, garantindo vinte bilhões de reais de empréstimo a ser concedido pelo BNDES. E ainda subsidiará as empreiteiras com mais cinco bilhões de reais.

Como disse acima, considerando que dispomos de meros 29 mil quilômetros de ferrovia, tal fábula monetária poderia ser destinada à expansão das linhas férreas convencionais, capazes de amenizar o trânsito das estradas e conduzir o país ao desenvolvimento. Esta iniciativa, associada a outros meios de transporte, como hidrovias e à própria malha viária, duplicada e aumentada extensivamente, seria melhor opção. Hoje, as decadentes rodovias são armas perigosíssimas, para não dizer assassinas, pois matam mais gente do que as guerras étnicas do Oriente e da África. E pelo famigerado Estado Islâmico.

Essa modesta análise é curta. E despretensiosa. Em nosso próximo encontro, talvez possa comentar sobre outros aspectos preocupantes da economia capitaneada por Dilma Rousseff, a “gerentona” do PAC, o badalado Programa de Aceleração do Crescimento, que parou por falta de recursos financeiros ou de competência gerencial.

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(*) Esta crônica foi reescrita para a sua adaptação aos dias atuais. A versão anterior, de 25.04.2011, foi publicada em livro de minha autoria, denominado Opróbrio Político.