O que fazer quando descobrimos que não somos tão competentes assim?
Essa é a interrogação mais comum para quem está em um processo novo da vida. Em geral, passamos a viver uma situação nova, mas não alteramos nossa autoimagem, de ótimos para iniciantes, mesmo nos esforçando para isso.
É sempre no caminho que constatamos o quanto retrocedemos e nos tornamos incompetentes, não por não termos capacidades e habilidades. Mas porque agora temos somente isso como elementos de construção.
Todo recomeço é, por si só, um esvaziamento de tudo que éramos, não apenas do desgaste, mas também do título de competência máxima.
Quando recomeçamos, tudo de antes é apagado. E, diferente do que comumente acreditamos, não se trata de provar tudo outra vez, pois não permanecemos no mesmo estado da vida, apenas tratando com uma pessoa diferentes. Trata-se, sobretudo, (e este deve ser sempre o motivo central da mudança) de começar em outra história, onde já existem pessoas com suas posições, conhecimentos e competências, e, por mais que antes levássemos alguma vantagem, agora estamos, outra vez, no final da fila dos aprendizes. E, como bem diziam nossos avós, carreira não é pressa.
Chegamos a essa diferente história nos enxergando como éramos antes, mesmo dizendo para nós mesmos que temos muito a aprender. Somente quando pisamos na bola é que somos forçados a encarar nossa real situação: isso se torna um soco em nosso ego. Aí vem a dúvida: o que fazer? Assumir ou contestar?
Se escolhermos contestar, sob qualquer alegação que seja, limitaremos não nosso crescimento (há muitas vias para este), mas nosso aprendizado. Seremos sempre pessoas limitadas.
O melhor sempre é encarar o pé na jaca, observar os erros, perceber os porquês, ajustar a autoimagem para quem realmente somos dentro dessa nova história, desenhar onde pretendemos chegar, buscando aprender e melhorar nessa nova construção.
Poderemos ser, apenas, o melhor que pudermos dentro do que fazemos, não perdendo de vista que somos incompletos e, portanto, imperfeitos. Pois nunca atingiremos a marca de nº 1 (isso não existe de fato), há sempre alguém acima e melhor, e nem sempre acertaremos: é preciso humildade para encarar nossos erros e pequenez, sem supervalorizar nossos acertos, a vida/o caminho é que é importante. De todas as verdades, algumas deveríamos ser gravadas a ferro em nossas memórias.
Marta Almeida: 07/12/2015