AS FORMALIDADES
A sabedoria popular ensina que "em terra de sapo, de cócoras com ele".
As formalidades nos deixam no rebanho.
Outro dia fui pegar um laudo, na STTRANS, de um amigo que estava nos Estados Unidos e esqueci da formalidade da calça comprida, fui de bermuda, e não pude chegar ao escritório.
Um determinado prefeito do brejo paraibano, no cair da tarde, veio conversar com o diretor dos Correios, de bermuda, e não pôde entrar. O então diretor foi delicado e desceu para conversar com ele na recepção.
Friedrich Nietzsche afirmava que, “A verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. [...] Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho.”
Quando me converti ao Evangelho, não tinha os hábitos nem as vestes dos irmãos. Vinha de uma cultura completamente diferente, odiava gravata, fora agnóstico, não muito dado às formalidades, ainda assim o pastor dava-me a oportunidade de cantar. Quando eu estava no púlpito ele me dizia baixinho: "Se quiser dar uma palavra, pode fazê-lo!" Ora, eu vinha do teatro, do sindicalismo, ambientes que desenvolvem muito a oratória, então, ainda não entendendo nada de Bíblia, dava uma palavra de ânimo.
Um irmão procurou-me para dizer, "O dirigente somente dá oportunidade a quem está de gravata; a você ele tem dado, mesmo sem gravata, mas tenho observado que ele manda apenas cantar! Ficarei olhando! Se ele lhe der oportunidade para falar..."
Eu era novinho na fé e essa atitude poderia ter desestimulado a minha caminhada, mas confesso que andava a sentir um gozo como nunca antes sentira. Assim, apenas sorri.
Dias depois a mocidade da Igreja, em um evento seu, colocara-me como recepcionista e, para tanto, presenteara-me com uma gravata cor de vinho. O irmãozinho passou a olhar-me com outros olhos. rsrsrs Qual não foi a minha surpresa, quando meses adiante esse irmão presenteou-me com um paletó! rsrs
Ah, as formalidades!...