MEU JEITO MACACO DE SER

Venho de uma família enorme! Éramos 10 irmãos... aliás, 11 irmãos, porque José Carlos, que de fato era o nosso tio, passou a ser nosso irmão. Vovó, já velhinha, não tinha como dá cobro àquele menino 'terrível'! rsrs Aí mamãe, sua irmã, criou-o.

Papaizinho era muito requisitado pelos amigos fazendeiros, porque, como diziam eles, era um homem sábio no aconselhamento. E aonde o velho ia levava a sua prole.

Adorávamos os pomares, os cavalos e os açudes. Essa era a nossa verdadeira festa! Já começava com a viagem. Meu pai tinha um Ford 41 (ou 51) que não dava para nos conduzir. Assim, íamos de caminhão, com todo cuidado, é claro, mas vento na cara é vento na cara!

Nunca aprendi a nadar com perfeição, nem a cavalgar com habilidade, mas para subir em árvores eu era um verdadeiro macaco.

Ainda hoje, com 55 anos, gosto de fazê-lo. Antes eu tinha um cajueiro no quintal para os meus exercícios, mas tive de cortá-lo porque os meus filhos pediam uma área de lazer. Sou, porém, um homem de sorte, com inúmeras árvores na frente da minha casa, não obstante morar na capital.

Hoje subi no flamboyant. Faço-o cedo, porque os vizinhos podem não compreender! "O que faz o poeta subindo nas árvores?", perguntou-me outro dia o vizinho cardiologista aposentado. Receitando o coração, doutor! Respondi. E ele: "Mais conveniente seria o senhor receitar-se com o doutor Kumamoto."