A "Importância" da Nossa Civilização

Vejo com reservas essa hegemonia da civilização judaico-cristã, pois resulta de um processo cultural maniqueista, na sua essência. Se apropria de “verdades”, sua visão dogmática a considera superior as demais, o que é uma arrogância cultural, e o que sobressalta é seu poder expansionista e homogenizador.

Basta olhar para a história da humanidade e acompanhar passo a passo como chegamos até aqui, para concluirmos que a partir da união do poder político do Império Romano decadente com o poder da Igreja, a marcha da "civilização" se acelerou.

Em 325 DC, com o Concílio de Nicéia, iniciou-se uma nova forma de legitimar em nome de Deus as atrocidades cometidas contra muitos povos, destruindo suas culturas, matando, oprimindo e escravizando inocentes.

O islã também fez isso ...., mas sua civilização não conquistou o mundo.

O poder religioso vigente perdeu sua força mística (o religare), é massa de manobra de interesses políticos mesquinhos e inconfessáveis que ameaçam a própria humanidade e o planeta.

A religião, a fé, resultante da verdade revelada por outrem, está em decadência, pois manteve a espécie humana num estado infantil de consciência, sem assumir a responsabilidade pelos seus atos, legitimando autoridades intermediárias, que ao longo dos séculos cada vez mais se distanciaram da verdadeira religiosidade.

A civilização ocidental é hegemônica no mundo, e predominantemente utilitarista, aceitando como parte das regras do mercado, as profundas desigualdades sociais.

De acordo com essa visão, o mundo é o mercado; as pessoas são apenas consumidores (têm perfil de consumo); os desempregados são apenas excedentes de mão de obra.

No grande jogo dos negócios; a natureza é a fonte inesgotável de matéria prima, as espécies animais são apenas fonte de alimento e de pesquisa científica.

Ah! O planeta é nosso e fazemos o que bem entendemos com ele ...

Certamente, o cristianismo hoje praticado, não existia na época de

CRISTO. O que ele ensinava era a sua VIDA.

Toda força viva gerada por um grande SER, nasce e se desenvolve enquanto ELE VIVE e faz da sua VIDA a própria mensagem. Isso em todas as culturas.

Após a sua morte essa força declina, desvirtua-se, a menos que alguém da mesma estirpe o suceda, o que é raro.

Quantos da mesma estirpe sucederam CRISTO, SÓCRATES, ZOROASTRO, BUDA, LAO TSÉ,.. etc. Fora os anônimos, que certamente existiram e devem existir nesse mundão afora.

A barbárie dos atos terroristas é condenável, em todos os sentidos, mas é igualmente ou até mais condenável, a barbárie diária, minuto a minuto, de pessoas, velhos, jovens e crianças que morrem a míngua por causa dos sistemas ideológicos, políticos e econômicos.

É chegada a hora da humanidade, pessoa a pessoa, caminhar com seus próprios pés, descobrir a verdade, aquela que liberta e nos conecta com a VIDA. Mesmo assim, um mundo humano ideal, é impossível, utópico, porque somos filhos da Natureza, ela é implacável e nós carregamos isso.

O que sabemos das civilizações e da história da humanidade, é a história dos vencedores das principais batalhas, narrada de acordo com as conveniências de cada período histórico e governante da ocasião.

Seria ingênuo pensar diferente.

Mas, se para o sistema dominante, questionar é perigoso, para que ensinar a PENSAR?