Um ninho no semáforo.

Logo de manhã lá está aquele casal de tagarelas, ele pousado na haste, suporte da luminária, ela acalentando os seus quatro ovos já quase que no final do ciclo do choco.

Ela; a sabiá laranjeira sempre cuidadosa com seus futuros filhotes, não deixa seu ninho por nada, medo de que alguém venha lhe fazer alguma maldade destruindo sua caminha de cisco e capim bem segura, arquitetada bem na luz do sinal que controla o tráfego de veículo.

Naquele cruzamento de ruas de grande movimentação, juntos harmoniosamente, dedicam seu especial carinho com estes ovos, passa horas apreciando o vai e vem destes mostrengo feito de latas, já ficaram conhecedor de quase todos os veículos que por ali trafegam.

Tudo transformou em uma rotina para este casal, da espécie dos tangarás, muito comum nos roçados, campos e pastagens de animais, agora morando na cidade bem no centro comercial.

Todos os dias quando o sol já está demostrando sua pose bem lá atrás dos grandes edifícios, os dois se juntam para dar início a uma sinfonia matinal, ele ela emparelhados neste mesmo suporte da luz que ilumina esta cidade fazem uma enorme cantoria, abrem as asas, saltam e emitem gorjeios em altos sons enquanto voam em rasantes retornando ao ponto de partida, agora que está tudo calmo, não há muita correria nestas ruas, aproveitam para o lazer. Depois destes seus exercícios nestas manhãs volta para seu local de choco, aguardando o momento que estes filhotes comecem logo quebrar estas cascas e aflorar estas vidas.



A ave sabiá se esparrama sobre sua ninhada enquanto vai tagarelando com seu companheiro observando o povo passando lá em baixo.
Este casal de pássaros é imigrante que vieram lá do serrado, infelizmente foram expulsos devido às queimadas e preparo do terreno, estas áreas de pura natureza, habitat destes belos sabiás, agora foi substituídas, atualmente só existe plantação de canas de açúcar, não há mais aquelas centenas de árvores que abrigava infinidades de aves de muita espécie.

Um dia destes apareceram por lá algumas grandes máquinas derrubando a vegetação e removendo o solo abrindo grandes valas, estas aves voaram para mais longe, mas, mesmo assim não foi o bastante, a área a ser ocupada pelo plantio era de grande extensão assim impiedosamente foram incomodando todos os bichos de grandes e pequenos portes, alguns mais espertos conseguiram safar-se correndo desesperado, enquanto outros desatentos foram surpreendidos enquanto repousavam entre os arbustos, morreram esmagados pelos pesados tratores.

Os sabiás laranjeiras estão salvos, agora morando na cidade e seu lar não é nada parecido com o de antes; ocuparam aquele espaço nada parecido com os galhos das árvores ao lado dos condutores de energia em pleno barulho urbano, mas, de vez em quando eles fazem uns passeios lá pelas periferias desta cidade onde ainda encontra algumas árvores e para surpresa de ambos veja lá quem eles vão encontrando nestas suas visitas; muitos de seus amigos estão lá, também vieram em busca de novas moradias. Tico-ticos, bem te vis, pássaros pretos, graúnas até as pombas asa branca, também deixaram as palhadas nas colheitas, não estavam suportando estes incômodos, foram escorraçadas do ambiente em que viviam, agora fazem seus ninhos bem ali no galho da árvore do jardim.

O casal de sabiás percebeu que suas vidas lá na mata, era mais segura, risco de vida existia sim, mas, nem tanto, só algumas aves de rapina, alguns gaviões traiçoeiros as capturavam, enquanto aqui na cidade o perigo é o dobro, além destes mesmos gaviões que também para cá vieram, também existe os felinos é até os próprios humanos com rações envenenadas assim são feitas ás pombas caseiras, matam as pombas brancas e depois as tenham como a pomba da paz.

Este casal de sabias está atento com este novo habitat em que vão logo criar seus filhinhos, preocupados com este mundo ao qual eles ganharam para este futuro próximo.

Antônio Herrero Portilho/06/10/2015.

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Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 06/10/2015
Reeditado em 27/01/2018
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