Sabedoria Perene
A sabedoria perene é uma expressão viva de uma realidade profunda, que toca o coração humano, trazendo lampejos ou a própria iluminação, de discernimento e compreensão.
Num desses lampejos, recordamos de uma das mais belas reflexões pessoais acerca da existência, que abaixo transcrevemos”:
“Vivemos numa imensidão oceânica de energia que tudo é e tudo contém. Como um barquinho navegando, cuja composição (energia) é a mesma do oceano. Quando nascemos (o corpo = energia), nada sabemos de nossa origem e nosso fim, mas agora podemos ver que esse corpo-ser-energia, originou-se dessa imensidão, vive nela, separado apenas pela “consciência-pensamento”. Quando esse corpo “consciência-pensamento” morre (o barquinho afunda), sua energia simplesmente retorna para a origem da imensidão oceânica, da qual nunca saiu, a não ser pela consciência-pensamento” que o separou dela. Desse modo, mesmo que não possamos manter a percepção permanente da eternidade, quer queiramos ou não, estamos nela. Portanto, não temos para onde ir, quer vivos ou mortos”.
Com essa reflexão, uma luz lançou-se sobre uma afirmação de Krishnamurti que a muito nos intrigara, como se fosse um koan: “O ínicio é o fim”.
Sobre a reflexão acima, de alguma obra lida, que não sabemos precisar a fonte, há uma metáfora que adaptamos, porque não recordamos na íntegra: “ O oceano de infinitas energias, repousa e agita-se, esse movimento incessante gera bolhas de si mesmo, que surgem, crescem e dissipam-se (nossas vidas, o cosmos com suas miríades de galáxias, etc).
Complementando ainda essa visão da unidade, que tudo permeia e tudo é, recordamos uma anotação do um antigo livro de bolso que desconhecemos o autor: “Aquele que tudo refere à unidade, a ela tudo atribui, nela tudo vê, vive na eternidade”.
No Hua Hu Ching – Ensinamentos Desconhecidos de Lao Tsé, adaptado por Brian Walker, ficamos maravilhados com a beleza poética de uma sabedoria atemporal que emergiu no século IV a.c., de cuja obra transcrevemos um trecho que lembra a Carta do Cacique Seatle ao Presidente Americano, quase no final do século XIX:
“ Uma pessoa superior cuida do bem-estar de todas as coisas.
Faz isso aceitando a responsabilidade pela energia que ela manifesta, tanto na sua atividade quanto no reino sutil.
Olhando para uma árvore, ela vê não um acontecimento isolado, mas raízes, folhas, tronco, água, solo e sol, cada um deles se relacionando com os demais, e a “árvore”, aflorando dessa relação.
Olhando para si mesmo ou para outra pessoa, ela vê a mesma coisa.
Árvores e animais, humanos e insetos, flores e pássaros:
Há imagens ativas das energias sutis que fluem das estrelas por todo o universo.
Ao entrar em contato e combinar com cada outro e com os elementos da terra, elas dão origem a todas as coisas vivas.
A pessoa superior compreende o que ocorre e entende que sua própria energia tem parte nisso.
Compreendendo essas coisas, ela respeita a terra como sua mãe, os céus como pai e todas as coisas vivas como suas irmãs e irmãos.
Cuidando deles, ela sabe que está cuidando de si mesma.
Dando a eles, ela sabe que está dando a si mesma.
Ficando em paz com eles, ela está sempre em paz consigo mesma”.
Uma profunda e reverente gratidão,
Aos seres humanos do passado e do presente
Cuja sabedoria tocou minha mente e coração.