Assim foi...
Era sexta e ela disse: “Te vejo amanhã”.
E nos vimos.
Era mês de outubro. Ela disse: “Em novembro estaremos juntos”.
E estivemos.
Era segunda-feira e ela disse: “Quarta te vejo na tua casa”.
E ela veio.
Era fim do mês. E ela disse: “Te vejo no mês seguinte”.
E me viu.
Até o dia que começamos a não falar nada. A engolir ausências junto com o olhar patético de quem confere algo no visor de um celular.
Ela não me dizia mais nada. Vivia olhando para o vazio.
Só assistíamos TV juntos na sala, comendo pipoca. Como duas múmias que convivem por pura conveniência.
Um dia, ela pegou os seus patins que estavam no parapeito e colocou numa mochila. Pegou algumas roupas que estavam no meu armário. Só ouvi a porta bater. Acordei do meu silêncio constrangedor.
Hoje não sei mais dela.
E parece que foi ontem que ela se foi.
Já se passaram dois anos.
Quantos silêncios cabem nessa saudade?