Assim foi...

Era sexta e ela disse: “Te vejo amanhã”.

E nos vimos.

Era mês de outubro. Ela disse: “Em novembro estaremos juntos”.

E estivemos.

Era segunda-feira e ela disse: “Quarta te vejo na tua casa”.

E ela veio.

Era fim do mês. E ela disse: “Te vejo no mês seguinte”.

E me viu.

Até o dia que começamos a não falar nada. A engolir ausências junto com o olhar patético de quem confere algo no visor de um celular.

Ela não me dizia mais nada. Vivia olhando para o vazio.

Só assistíamos TV juntos na sala, comendo pipoca. Como duas múmias que convivem por pura conveniência.

Um dia, ela pegou os seus patins que estavam no parapeito e colocou numa mochila. Pegou algumas roupas que estavam no meu armário. Só ouvi a porta bater. Acordei do meu silêncio constrangedor.

Hoje não sei mais dela.

E parece que foi ontem que ela se foi.

Já se passaram dois anos.

Quantos silêncios cabem nessa saudade?

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 14/07/2015
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