Caleidoscopia dos ciclos

Tento que tento escrever algo pra você que não pareça uma despedida. Hoje acordei mais triste que nos outros dias. Quando você partiu parece que um ciclo ficou em aberto em minha vida, uma lacuna incessante que me acompanha dia e noite.

A morte é algo horrível, diz minha constante negação. Ninguém deve sair da nossa vida assim: um dia está lá, no outro não está. É meio absurdo, concorda? Mas você se foi. Será totalmente ridículo eu escrever pra você? Pensar ou dizer que tenho saudades, que você faz falta? Provavelmente não está me ouvindo, (não sei como funciona do outro lado), mas me alivia, principalmente em dias como hoje, em que tudo parece vazio, nulo, sem efeito, inócuo e todos os adjetivos que façam entender a dor que está no meu coração agora. Talvez... talvez a morte seja algo lindo e estou chorando por pura fraqueza.

Lembro-me que seu sorriso era contagiante, que nos momentos mais difíceis você retirava forças do que chamava de fé e seguia adiante vencendo os próprios medos. Ah, como eu admirava sua força. Porque se foi? Por quê? Pergunta imbecil! Chegou a hora dizem-me os confrades. Mas, hora de que?

Em seu poema: “Atalhos” determinou para si: “...caminho certo é o que eu sigo...”, então, como procurei ouvir seus conselhos, vou matutando em que lugar da estrada cheguei. Há uma encruzilhada. (Sempre há uma encruzilhada), mas, por mais que hoje minha indecisão cobre alto preço, por mais que sua ausência prove que não estava exatamente certo, escolho meu caminho, visto meu chapéu e pego a estrada. Onde vai dar não sei. No fim estaremos juntos, de corpo e alma, como antes.

29 de junho de 2015.

Uberaba, MG – Inverno...