Talvez...

Não quero ler mais nada sobre amor. Não quero que esses sonhos se instalem mais uma vez no meu peito, porque sei que a reciprocidade não se faz. Sei que serei, mais uma vez, só eu a amar plenamente e você só amar pelas beiradas. Sei que acalento sonhos demais. Aqueles sonhos que toda mulher por mais descolada e desencanada que seja, no fundo sempre acalenta. Não quero mais a dor de não ser correspondida a altura. Não quero ser sua distração de algumas noites. Não quero mais um sexo perfeito e a plena sintonia de poucas noites. Quero-te para a vida toda, quero-te intenso e sempre, como é intenso pra mim. Sei que dia menos dia isso vai acabar, porque você sem (talvez) perceber, já deu todos os sinais. Não quero paqueras ou como tu é gostosa. Quero um pra sempre, esse pra sempre que nunca mais veio.

Não veio mais, desde que desisti daquele outro relacionamento difícil que prometia muito, que prometia "pra sempre", mas que também se findou. Talvez porque eu não tenha sido capaz de tolerar as coisas ruins ou suas ausências que me doíam tanto. Talvez tenha sido eu a errada. Mas talvez, as cicatrizes e marcas trazidas de tantos tombos tenham me feito assim, incrédula e com preguiça de tentar salvar o que já estava fadado ao fim. Talvez a culpa possa ser toda minha que tenho essa mania de sempre querer demais da vida, do amor, das pessoas. Mas... sei lá, é que aprendi assim a não me contentar com pouco. Talvez meus sonhos loucos não possam mesmo ser o sonho de mais ninguém. Essa vontade de cuidar e ser cuidada, de dar tudo, de fazer parte de um todo, essa mania sem lógica de querer ser parte da felicidade e soluções de um outro alguém. Talvez estes sonhos nunca tenham eco. Mas não sei encarar a vida de outra forma. Tenho essa mania de querer ser feliz de verdade, de me doar e sentir reciprocidade. Essa mania de garota tola que sempre espera tudo da vida. Mas talvez a vida seja só metades e o todo não tenha voz.