UMA NOVA ESPÉCIE

A inteligência que rege os atos e as criações do ser humano é algo definitivo. Ela já se firmou no universo e sempre há de ocupar alguma forma de vida, pois saberá fazer isso em qualquer circunstância. É virose que se hospeda na forma que ela mesma batizou de humana tão logo se descobriu. Por essa descoberta fez evoluir a forma e dominou todas as demais espécies deste planeta que assumiu como reino.

Ocorre que o contrapeso da inteligência também evoluiu muito. A estupidez humana é fruto de indiscutível da soberba que destrói a terra, poluindo e devastando. Todos os tipos de violência contra a natureza são cometidos em um ritmo crescente e vertiginoso. Por essa falha na escala evolutiva usamos as nossas descobertas contra o próprio habitat, desconstruindo as condições de sobrevivência com a construção de uma era letal. O progresso que perseguimos implacavelmente se realiza a um preço muito alto, porque o fazemos de forma desordenada, inconsciente, perversa e truculenta, pensando apenas no presente.

A ordem mundial é matar. Exterminamos o verde, poluímos as águas e o ar, caçamos as espécies animais em razão do lucro e do capricho e ainda sabemos fazer com que a luta pela preservação do meio ambiente soe ridícula, como talvez seja o caso desta manifestação. Parece que defender a natureza é coisa de gente fútil, cuja vida está ganha. Pessoas que não têm o que fazer. Em razão disto, a vista grossa é moda forjada; o silêncio é conveniência; o comodismo se faz consenso e ninguém reage contra o suicídio que a raça humana realiza, por omissão e comissão.

Tudo aponta para o extermínio do que existe. Especialistas não mentem, quando asseveram que seguimos para o fim. O abismo na camada de ozônio anuncia catástrofes nunca vistas, mudanças climáticas incompatíveis com a nossa estrutura física e biológica, e a extinção das espécies vivas que o planeta abriga. Lavamos as mãos para tudo, com a água que também escasseia como potável, própria para o consumo.

De qualquer jeito, paira o consolo da certeza de que não existe o nada. De que a inteligência hoje humana é eterna e paira no espaço. Como não existe o nada, sempre haverá formas de vida e essa inteligência ocupará uma delas, adaptada a uma nova natureza que surgirá da destruição total do que existe hoje. Recomeçaremos desse caos ou vazio, em aspectos inerentes ao universo físico reciclado, mas com a inteligência já evoluída como estará, no ponto em que nos auto-exterminarmos. Afinal, este universo já suportou várias outras mudanças.

Pode ser que a nova espécie que seremos surja com uma consciência avantajada, fruto da memória genética, pela qual não destruirá o novo meio ambiente. Saberá, quiçá, gerar progresso sem destruição. Se essa inteligência, então superior, já não tiver o contrapeso, o contra-senso da ignorância, o novo mundo estará salvo e a espécie substituta da espécie humana poderá se perpetuar, como não será nosso caso.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 13/06/2007
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