O ABISMO sepulcral existente entre a ESCRITA e a LEITURA
Entre o escritor e o leitor existe um abismo. Sim, há uma cratera absurda e movediça. Qual ser de pernas curtas atreve-se a pular essa lacuna de imenso risco para a saúde intelectual? Sabe-se que a leitura pode amenizar ou aprofundar a crise existencial e levar o individuo à depressão permanente e irrecuperável. Portanto, escrever é perigoso; porque sabe-se lá o que o leitor quer ler. Muitos são os leitores que pegam o livro nas mãos, folheiam, examinam, cheiram e dispersando o escritor, arremessa-o onde o nariz aponta.
Num primeiro plano, escrever e ler demandam compromissos mútuos? Nem tanto, pois escrever e ler não são sopas e liquefeitos facilmente digeríveis, não são fotos expostas que apresentam o conteúdo e morre na percepção do que foi visto. Então, o que representa um para o outro? Difícil resposta, porque o escritor por mais abalizado e conhecido do leitor, na mais recente obra escreveu novamente o que o leitor queria ler? Foi fiel ao resumo de contracapa? Assim começa a relação abismal separando um e outro. Se o resumo informativo refletiu o enredo do inicio ao fim, perfeito! Caso não, pode ser que o escritor seja apedrejado com mil cacos de telhas e pedras pelo leitor e assim sendo, fatalmente perecera. Isso é o fracasso do escritor e terá o seu nome enxovalhado para o resto da vida, pois, às vezes, os leitores são ingratos.
Por sua vez, o escritor, obrigatoriamente, tem que se encontrar na escrita; entendendo que as palavras são como crianças tagarelas: enquanto uma retrata a autenticidade daquilo que desconhece, a outra retrata o balbuciar dos inocentes sobre os perigos que os espera quando adultos. A ingenuidade, a defesa e as palavras se completam nas reflexões sobre os perigos e realidades do que se desconhece. Portanto, mesmo que passe um pináculo de anos, o escritor deve-se sentir criança e “iludir” o leitor com seus escritos; mas nada de manipulação. Leitores merecem e devem ser livres para pensar o que quiser.
A gama de escritores sem pena, escrevem coisas mais leves que bofetadas na cara sem luva de box e mais pesadas que plumas deslizando livres sobre as lâminas de água em um rio vagaroso. Para os insensíveis leitores, os escritos leves. E para os sensíveis de coração e alma, os escritos pesados. O peso e a medida dos escritos são proporcionais aos atos dos requerentes.
Tanto um quanto o outro, só escreve com comprometimento social, aqueles desvalidos de sabedoria e são estrábicos de visão; pois, sempre veem as coisas de soslaio e de rabo de olho. Particularidades essas, que nem as aves, nem a ótica e nem os matutos explicam. Mas embora padeçam desse mal súbito, no entanto, jamais usam óculos. Sentem medo de ofuscamento das vistas. E a justificativa é que em terra de cegos, quem tem meio olho, é privilegiado em enxergar um pouco da claridade do dia. Nota-se, pois, que escrever é perigoso. Não menos é ler, pois entre ambos há mais coisas desconhecidas que a própria razão científica desconhece. Uma cratera entre a inteligência e a ignorância, talvez!
E nesta interação dual, fria e calculista entre ambos, uma coisa o leitor não pode negar, afinal todo escritor, indiferente às fantasias, crença, ideologia filosófica e senso político é leitor. Porém, somente uma gama reduzidíssima de leitores é escritor. Escrever demanda visão ampliada de mundo e vastíssima experiência de vida. E óbvio, difundir e repassar o pouco que se sabe é, ou deveria ser a premissa de todos os humanos nesta curta passagem por aqui. Tai o motivo do escritor referenciar o leitor, mesmo que este seja mau leitor; pois, escritor sem leitor é falência múltipla de inteligências.
Analisando por outro ângulo, ler e escrever, é mais sublime que o deslizar do orvalho em contato com os raios de sol matinal sobre as pétalas; é mais sutil que desenhar e é menos enaltecido que as obras dos Homens. Talvez seja por isto que socialmente, entre o desenhista/projetista e o escritor/leitor, prevalece os primeiros. Ler e escrever não reflete uma ínfima réstia ofuscante nos olhos alheios e não geram capital acumulativo; quando muito, a sobrevivência do léxico. Ler e escrever são artes ignoradas.
O marasmo sombrio que paira sobre o universo, foi iniciado e findará com a falta definitiva da escrita e leitura de livros, crônicas, contos e acima destes, a falta de leitura filosófica, ciência que está perdida nos recônditos dos seres, que para alguns, são humanos e semelhantes.
PS.: para evitar problemas e polêmicas no futuro, o recomendável é não escrever e não ler e viver sob a luz bruxuleante de um candeeiro de lado. Para informar-se, consulte o Google que está tudo pronto e é só clicar e copiar. No entanto, cuidado com os espiões e denunciadores de plágio. De antemão saliento que isso ocorrer com os escritos do Profeta do Arauto e eu dê falta, infelizmente sinto-me na obrigação de denunciar por ele; afinal, firmamos fiel parceria. Ass.: leitor assíduo de seus artigos no Recanto das Letras e Obvious.
Muito agradeço!
PA