Visita a Frankfurt, Alemanha

No dia 10 de novembro de 2014, deixamos Würzburg com destino a Frankfurt. Viajamos no trem-bala, veículo seguro e confortável, cuja velocidade atinge trezentos e vinte quilômetros por hora. Igualzinho ao que, um dia, foi prometido fantasiosamente por Dilma Rousseff, para fazer a linha São Paulo-Rio de Janeiro.

A composição ferroviária de alta velocidade, prometida aos brasileiros durante a campanha eleitoral de Dilma à Presidência da República, fez parte do rol de mentiras destinadas a enganar o incauto eleitor. Nesse período, disse a candidata: “para vencer a eleição serei capaz de fazer o diabo”. Ela o fez. E ainda o faz, tão bem quanto seu mentor político, Lula, o Leviatã de nove dedos nas mãos. Na demonologia, Leviatã é o príncipe coroado do inferno.

Volto a comentar a viagem de Würzburg a Frankfurt, no trem de alta velocidade. Nosso deslocamento, como não poderia ser diferente, foi rápido. Sequer sentimos falta do automóvel Opel que nos serviu de transporte pelas cidades alemãs visitadas por nosso pequeno grupo. Viajamos em confortável cabina de primeira classe, compartilhada com simpático casal que, ao notar nossa dificuldade de comunicação em língua inglesa com o garçom que nos atendia, interferia traduzindo para a língua alemã os nossos pedidos de consumo.

A impressionante velocidade do trem-bala não dava a impressão de viajarmos a trezentos e vinte quilômetros por hora. Chegamos ao nosso destino em menos de sessenta minutos. Desembarcamos na estação ferroviária de Frankfurt, a mais movimentada da Europa, para início de nosso périplo turístico. Grandes composições, com dezenas de vagões acoplados à máquina principal, encontravam-se estacionadas ou em manobras, prontas para seguirem viagem.

Fomos recepcionados por uma comunidade hospitaleira, orgulhosa de seus altos edifícios e de exibir uma urbe com visual moderno e agradável. Ficamos hospedados por três breves dias no NH Frankfurt City, hotel estabelecido na Vilbelerstrasse, 2, na zona central, próximo às lojas do dinâmico comércio local.

Inicialmente, cabe-me relatar um pouquinho da história dessa acolhedora cidade. No decorrer desta narrativa, também dissertarei a respeito dos locais visitados, com inserções atinentes à sua origem, desenvolvimento e desafios, ao longo do tempo.

A população de Frankfurt é de seiscentos e sessenta mil habitantes, atendidos em suas necessidades de locomoção por veículos próprios e pela rede local de trens e metrôs. Cerca de dezenove mil leitos estão disponíveis em inúmeros hotéis, à espera dos dois milhões de turistas que a visitam anualmente.

O nome da cidade já era conhecido desde 794, quando foi mencionado por ocasião de um concílio do reino dos francos. O primeiro rei alemão, Sua Alteza Friedrich, o Barbarossa, foi eleito em 1152.

No longínquo ano de 1240, o imperador Friedrich II instituiu na cidade a realização de feiras para venda de variados produtos, tais como tecidos da região, rendas francesas e condimentos vindos de países distantes, por via marítima, do Oriente, por exemplo. Pouco tempo depois, surgiram os comerciantes de livros, dando origem a Frankfurter Buchmesse, a Feira do Livro de Frankfurt, mundialmente famosa.

Em 1349, a história registra perseguição aos judeus da região, acusados de difundirem certa epidemia de peste. No ano de 1864, porém, foram reabilitados socialmente, sendo considerados cidadãos alemães, com igualdade de direitos.

Os judeus sempre foram perseguidos e rejeitados, principalmente por suas convicções religiosas. A Igreja Católica castigou-os severamente durante a Inquisição, tribunal eclesiástico instituído no século XIII, destinado a julgar os praticantes de crimes contra a fé católica. Até a Bíblia dá conta do sofrimento pelo qual passaram como escravos de nações que lhes impuseram a servidão. Peregrinaram por quarenta anos pelo árido deserto, a caminho da Terra Prometida, padecendo agruras por desobediência às recomendações divinas.

Dito isto, passo a narrar outros aspectos de nossa visita. Após acomodar as bagagens no apartamento do hotel, saímos a passear pelas ruas próximas, localizadas na região central da grande metrópole. Não desejávamos perder preciosos momentos de nossa passageira estada naquele aprazível lugar.

Os locais inicialmente escolhidos para visitação foram os shoppings centers. Matilde e Cristina, acostumadas a vasculhar produtos e preços em vitrinas das lojas brasileiras, trocavam impressões e comentavam sobre os objetos de seus ilimitados desejos de consumo. Dispostas, atiraram-se às compras de lembranças destinadas a filhos e netos.

As largas calçadas nos convidavam a descontraídos passeios, enquanto nossas máquinas fotográficas piscavam os flashes insistentemente, captando a exuberância de altos edifícios, o trânsito de pessoas nativas e de outras nacionalidades, além de veículos automotores, luzes coloridas e monumentos históricos ou simplesmente artísticos. Não dávamos descanso aos nossos anseios turísticos. O entusiasmo era contagiante e plenamente justificado naqueles momentos iniciais de nossa peregrinação.

Enfim, cansados de entrar e sair das muitas lojas visitadas, nas quais nossas esposas fartaram-se de examinar produtos, pesquisar preços e efetuar compras, deixamos aqueles estabelecimentos carregados de pesadas sacolas. As pernas doloridas pelo caminhar intenso reclamavam oportuno repouso. Daí, a opção foi procurar um bom local para imediato alívio físico, atenuando a fadiga. Escolhemos certo restaurante, onde, bem acomodados, saciamos a fome, jogamos conversa fora e aliviamos o estresse, após degustar a boa cerveja alemã, servida em grandes canecas de vidro.

Recuperados da exaustiva jornada do dia anterior, e revigorados por farto café da manhã, renovamos nossa disposição de conhecer mais acuradamente a Frankfurt de nossos sonhos turísticos. Empreendemos árduas caminhadas. O tempo urgia. Não podíamos perder um segundo sequer da breve passagem por tão acolhedora cidade.

Passeamos pelo centro histórico, oportunidade da visita ao Römerberg, região de edificações com fachadas medievais datadas dos séculos XV e XVI. Conhecemos os prédios da Frankfurter Rathaus (prefeitura), da Zum Römer e outros edifícios históricos, de beleza arquitetônica inconfundível em seu estilo medieval. Essas preciosas edificações ornamentam o pátio da linda praça, transitada por nosso pequeno grupo durante alguns instantes.

No centro do significativo logradouro, vê-se, cercada por grade protetora e enfeitada de flores coloridas, a Gerechtigkeitsbrunnen, datada de 1611, denominada Fonte da Justiça. A escultura ali exposta representa Themis, a deusa grega guardiã da lei. A entidade lembra às autoridades alemães, a necessidade de julgamento imparcial dos homens e a aplicação equânime das leis a todos os cidadãos.

Nessa praça, à direita, está edificada a Alte Nikolaikirche, construída em 1290, conhecida antigamente pela denominação de igreja dos conselheiros, em virtude de ser, no século XV, frequentada apenas por membros de família da elite local. De sua torre, diariamente, um carrilhão faz ecoar trinta e cinco sinos às 9h05, às 12h05 e às 17h05.

Conhecemos o prédio do museu histórico, antigo Saalhof, ao lado da torre medieval Rententurm, do século XV, e ainda visitamos o Jardim Arqueológico (Archäologischer Garten), onde foram realizadas escavações revelando ruínas datadas de mais de dois milênios, relativas a edificações romanas dos anos 75 a 110 de nossa era. São parte do castelo imperial de Carlos Magno (724-814), rei dos francos e imperador do Oriente.

Estivemos na Catedral Imperial, cuja construção foi iniciada em 1250 e somente concluída em 1877. O templo era local da escolha por sufrágio, dos reis alemães eleitos desde 1152 e, também, lugar onde os monarcas germânicos foram coroados, a partir de 1562. O teto é impressionantemente alto e seu interior belíssimo, contemplando capelas, coro e altares magnificamente trabalhados em bronze e revestidos de azulejos, igualmente interessantes.

Por alguns minutos, visitamos a Ponte de Pedestres, a Eisener Steg (pontilhão de ferro), erguida sobre o rio Meno, como alternativa de passagem à Alte Brücke, a única ponte existente na época dos Príncipes Eleitores, que a monopolizavam. Os cidadãos locais recolheram recursos financeiros e obtiveram financiamentos, com os quais construíram, de 1867 a 1869, o pontilhão de ferro, ou seja, a Ponte de Pedestres por onde transitamos, fotografando as águas correntes do rio Meno e, à distância, a Catedral Imperial.

Faço referência à existência de centenas de cadeados, alguns com inscrições gravadas, colocados devidamente trancados nas ferragens da Ponte de Pedestres, uma mania dos turistas em voga em outros lugares mundo afora, com os quais desejam registrar suas passagens por plagas distantes.

Em nossas andanças diárias, visitamos algumas feiras e nos deliciamos com as saborosas salsichas, vendidas em grande número de barracas. E ainda palmilhamos boa parte da zona central da cidade, vislumbrando grandes e luxuosos edifícios, entre eles, o mais alto da cidade e da Europa, denominado Commerzbank-Tower, de duzentos e cinquenta e oito metros de altura. Estivemos em alguns prédios modernos, por mera visitação e para realizar compras ou fazer refeições vespertinas.

Também visitamos a Hauptwache, antigo quartel e prisão, onde, em 1833, houve tentativa de golpe militar, ocasionando a morte de vários soldados. Hoje, ali funciona animado café, com cadeiras expostas no pátio. Interessante, o detalhe a seguir: por ocasião da construção de uma estação do metrô, esse edifício foi totalmente demolido para, depois, ser reconstruído, pedra por pedra, segundo a planta original.

Concluo esta narrativa agradecendo ao casal André Ahlert e Sandra Puttini Machado Ahlert, ele, alemão, ela, brasileira. Sandra foi colega de trabalho de minha esposa, Matilde, no Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal, nosocômio no qual exerceram a medicina como profissão. André, executivo da área financeira, trabalhou por cinco anos em Brasília. O distinto casal, depois de flechado por Cupido, casou e foi residir em Frankfurt. Generosa e hospitaleiramente, fomos convidados para jantar no Restaurante Paulaner, próximo do centro histórico, local aprazível no qual desfrutamos da culinária e de bebidas típicas da Alemanha.

Resta-me contar ao leitor uma triste história. Nos dias 18 e 22 de março de 1944, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o centro histórico de Frankfurt foi bombardeado por insistentes ataques aéreos, promovidos pelas forças aliadas militarmente para combater os atos insanos de Hitler.

Felizmente, graças à determinação do povo alemão, os edifícios e monumentos danificados pelo intenso bombardeio foram restaurados para perpetuação da história, a ser lembrada a despeito das feridas abertas nos corações da humanidade sensata nos dias atuais.

Devemos repudiar, sempre, a violência, a discriminação racial e o domínio ideológico que permeiam as ações de mentes malsãs. Alguns integrantes de partidos políticos as têm. Principalmente os de coloração vermelha, cujas bandeiras tremulam anunciando a socialização da riqueza nacional, apropriada por seus líderes, em detrimento do povo ingênuo que lhes dão crédito.

A derrocada da Petrobras não me deixa mentir!