A Vitória da Injustiça

Há meses, deixei de produzir crônicas versando sobre temas políticos. As últimas, um bom número delas, encontram-se enfeixadas em livro intitulado Opróbrio Político, editado para lembrar-me dos dissabores vividos pelos brasileiros ontem e hoje, agora, mais do que nunca.

Nas oportunidades em que me dispus a esse respeito, terminei enjoado de comentar os malfeitos, muitos, por sinal, cometidos pelos petistas em sua sanha criminosa, a partir de 2003, quando saquearam a riqueza nacional, dilapidando-a até quase exauri-la.

Deixei, pois, de escrever sobre essa nojeira! Hoje, após receber e-mail contemplando carta aberta ao Excelentíssimo Senhor Ministro Teori Zavascki, enviada pelo General de Divisão Francisco Batista Torres de Melo, militar reformado de nosso glorioso Exército, retorno à escrita para expender minha opinião e o meu desalento por “tudo isso que está aí”.

Não resisti à comichão nos dedos e fui ao teclado do computador, já um tanto enferrujado por falta de uso, decorrente de minha inapetência literária.

Motivado pelas desairosas notícias de desonestidade que grassam por todo o Brasil, associei-me à indignação do combativo militar, no tocante ao “caos e à falência do Poder Judiciário”, segundo suas próprias palavras. Para ele, para mim e, por certo, para todos nós, a Justiça existe para defender poderosos e não para defesa da sociedade brasileira.

Diz o general em sua carta de revolta, ter ciência pela mídia noticiosa, dos assaltos diários aos cofres da união, dos estados e dos municípios, alcançando bilhões de reais, dinheiro que falta à saúde. Ainda contrariado, declara que a mentira prevalece nos processos judiciais, derrotando a verdade. Em certo trecho de sua carta, pergunta a Sua Excelência o Ministro Teori Zavascki e ao próprio Supremo Tribunal Federal, “como pode uma pessoa ir depor no Senado Federal e ter o direito de ficar calada?”. “O STF, defensor da justiça, deveria dizer que o depoente não pode mentir e, se mentir, deveria ser preso”.

O general Francisco Batista declara que quando comandou a Polícia Militar de São Paulo e foi provedor da Santa Casa de Fortaleza, viu a pobreza de perto e a desgraça que assola os usuários de drogas e seus familiares. Lembra-se, tristemente, de ter enterrado três crianças, em Teresina, mortos de fome. Por tudo isso, indigna-se com o escancarado roubo de verbas públicas, enriquecendo políticos e seus apaniguados seguidores, em detrimento do sofrido povo brasileiro.

Quem não acalenta o desejo de ver os ladrões do Erário castigados severamente? Eu sou um deles. Expresso, aqui, minha solene revolta, embora entristecido, pois, aos 74 anos de idade, talvez não veja exemplarmente justiçados os contumazes larápios tupiniquins. Gostaria de vê-los presos. E por muitos anos!

Existe certo “filho do Brasil”, de vergonhosa lembrança, difícil de ser alcançado pelas mãos da Justiça, talvez para confirmar que cadeia existe para pobre. Somente. Parece não haver dúvidas quanto a essa assertiva. Lembrou o general Francisco aos seus destinatários, ter o jornal Folha de São Paulo, de 29 de abril de 2015, estampado em vistosa manchete: “SUPREMO LIVRA DA CADEIA EMPREITEIROS DA LAVA JATO”; o programa Bom Dia Brasil, de 29.04.2015, ainda segundo declara em sua carta, “disse verdades que mostram a decepção do povo com a Justiça”.

Concluo este texto reproduzindo dizeres finais da missiva do General de Divisão, reformado, Francisco Batista Torres de Melo, ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, extensiva aos seus pares, destacadamente aos que votaram favoravelmente pela mudança de encarceramento dos ricos empresários que contribuíram para o bilionário assalto à Petrobras. Disse ele: “Vossa Excelência e os dois outros juízes, ao soltarem os criminosos empreiteiros que cometeram crime hediondo, depravado, vicioso, sórdido, imundo, repelente, repulsivo, horrendo, sinistro, pavoroso, medonho, contribuíram para o desprestígio do Sagrado Poder Judiciário”.

A Petrobras foi outrora orgulho do Brasil e patrimônio nacional. Hoje, pelo que se sabe das investigações da Operação Lava Jato, encontra-se mergulhada em dívidas astronômicas, na descrença internacional e no lamaçal petista. A cor preta do petróleo abundante de épocas pretéritas foi substituída pelo luto atual, característica da tristeza pela morte da virtude, da honestidade e de seu glorioso passado.

Quando ele será preso? A pergunta não identifica o personagem, propositadamente. O inteligente leitor, sabedor de “tudo isso que está aí”, saberá a quem se refere. Ele e Elle, além deles todos, merecem o castigo exemplar que a Justiça teima em decretar. Uma pena! Uma vergonha, como costuma dizer abalizado jornalista em suas fundadas críticas ao que de podre existe no “reino escarlate”.