DEPOIS DELA

Sinto falta de alguém; pessoa muito querida. Talvez a única inteiramente capaz de me acolher e respeitar como sou. Que jamais confundiu ou censurou minhas esquisitices; meus hábitos e manias menos ortodoxos; a forma crua de ser... inclusive os meus respeitosos desrespeitos.

Quero ter de novo a pessoa mais amiga, desarmada e sincera que já tive ao meu lado. Aquela que sempre correspondeu às minhas manifestações de afeto, sem as distorções, os temores e os cuidados comuns e desnecessários. Esse alguém que me despertava em mim, sem jamais querer me transformar em outro... tirar nem pôr... impor seu jeito e suas leis.

Alguém me devolva o que perdi. Ou a quem perdi. E ao fazê-lo, saiba que há de me devolver ao meu eu... porque toda beleza, magia, leveza e sinceridade que se foram, me levaram pra bem longe de mim... depois dela, nunca mais me vi nas regiões internas ou periféricas do meu corpo.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 31/03/2015
Reeditado em 31/03/2015
Código do texto: T5190548
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