A coerência dos nobres
A falta de alguma coisa na vida é sinal de que o desânimo penetrou nas profundezas do coração. Ficar distante das pessoas que se ama é como querer arrepender-se das escolhas que foram feitas. Certamente todos os caminhos são apenas de ida, todas as possibilidades são rastejantes para quem ainda não sabe voar.
Com quem mais nos identificamos, seja mestre ou aluno, não passa de nosso retrato espiritual. O frio da Suíça é como frio do sul brasileiro, a diferença é que quando amamos são as barreiras que não passam de limitações emocionais. Quem se dedica apenas aos filhos não é tolo, é apenas alguém que tem o dever de amar, de sorrir, de apoiar, de ser dos filhos por existir nos filhos muitas partículas do ego.
Quando não damos importância para quem aponta na esquina é que os nossos valores estão voltados para o que existe de medíocre nos relacionamentos mais recentes que tivemos. Uma família representa os bons costumes enquanto existir respeito e sinceridade entre seus membros. O esquecimento torna-se impossível, o que é possível está na alma que se conecta com um novo mundo de carinhos, de riscos, de prazeres, de verdades.
Para tirar o desânimo do coração é essencial sonhar e ficar animado com os sonhos. O arrependimento é uma praga quando retira o poder de ação do indivíduo. As vezes não é preciso sair do vilarejo para tocar o céu, é que todos os caminhos são concluídos pelo paraíso que repousa em todos os corações.
A igualdade vigora quando aplaudimos as diferenças para que possamos penetrar com mais profundidade na totalidade humana. Na Suíça está um futuro que hoje transmuta no Brasil, no amor está tudo o que é instantâneo e vai além dos oceanos. O simples morador do vilarejo e o complexo intelectual deixam da tolice quando amam sem pedirem muito em troca, deixam da tolice quando visualizam um mundo melhor e fazem de tudo para que esse novo mundo seja digno de aplausos.
O novo amor é o mesmo amor que estava em nossos corações e não tivemos coragem para exalar em outros tempos. O desrespeito e a mentira dentro do que era considerado família nascem da quebra de pactos ou trágica caída das máscaras. Integrar-se ao velho, almejar o novo e agir no agora, são os meios que levam para um nobre final quando estiver escuro no vale da vida carnal.
Escritor Joacir Dal Sotto