A BANDEIRA DO MEU PAÍS
Não. A cor da bandeira do meu país não é vermelha.
Não. Não é vermelha a cor da bandeira do meu país.
Verde, azul, amarelo e branco. Estas as cores. Esta a minha bandeira.
Entre escândalos e discursos, entre foices e martelos e mais escândalos e palavras de ordem, a bandeira do meu país ficou esquecida por um tempo. Como se ela não estivesse à vista de todos, aos olhos do mundo. Mancharam a bandeira do meu país. Rasgaram a bandeira do meu país. E tiraram pedaços e mais pedaços. Aqui e acolá. E mais um pedaço. Fragmentos. E entre nomes e listas e partidos, minha bandeira ficou num canto. Silêncio.
Mas...
eis que trinta anos depois de um processo doloroso e extremamente difícil, bandeiras e camisas foram agitadas nas ruas das principais cidades do país. Camisas da seleção. Bandeiras amarelas e verdes. Não eram vermelhas! As bandeiras gritavam. As camisas protestavam! Avenidas tomadas. A avenida Paulista, centro do poder econômico, tomada por manifestantes de todos os lugares. Nenhum político e nenhum partido. O povo. O povo simplesmente na rua. Panelas e apitos!
Não. A bandeira do meu país não é vermelha. E enquanto houver fôlego e palavra, enquanto houver força e poesia, enquanto houver a necessidade de escrever sobre o meu país, escreverei. Não quero uma Venezuela aqui! Não quero Chávez, Maduro ou Fidel. Quero o meu país. Genuinamente brasileiro. E o meu país, decerto, não é vermelho!