O HOMEM NA CONTRAMÃO
O homem na contramão, de cadeira de rodas, apesar de sua condição, não aceita pagamento extra pelo chiclete em promoção. Agradece, sorrindo, que se vale no suor do ganha pão.
A senhora, na calçada, sentada no chão, ignorada, tal qual antiga pichação. Sua fome, então, nem se fala, passa desapercebida pela multidão. Mas àquele moço, não! Tenra percepção, mochila nas costas e terno surrado, estende mão. Pão na chapa? Misto quente? Café Pilão? Duplo? Pois não!
Em meio à bruta discussão, golpes em vão, menos guiado pela lógica que pela emoção, ataques ferozes, não à direita, nem à esquerda, mas na oposta direção, são nestes momentos de solitária de observação, que se manifesta em mim uma certa esperança (não ilusão).
São aqueles que cumprem, de forma contundente, seu papel de cidadão.