AH! SEXTA-FEIRA
Acho que não existe um dia tão esperado pelos trabalhadores em geral, do que a sexta-feira. Claro, que a espera de um filho, resultado do vestibular, o dia do casamento, férias e outros tantos, não entram nessa minha conta, são fatos irrefutáveis.
Já a sexta-feira, ah! sexta-feira, é a sexta-feira, as pessoas saem felizes do trabalho, seja para a casa, paras baladas, pro happy hour com os colegas, as maiores programações de paquera são ás sextas, muitos causos são contados nas mesas de bar, há muita alegria e gargalhadas entre as pessoas, parece que os problemas simplesmente desaparecem, por algumas horas.
Na rua do meu trabalho, os bares, botequins e espetinhos estão cheios, é um tal de pendura depois eu pago, mas, tudo se acerta no dia em recebem o salário. Dona de trailer de cachorro quente e tapioca, vira tia, é um vem cá minha tia querida, dá aí minha tia, haja parentesco. Dono de boteco dá logo patente, para os clientes mais constantes, é um tal de general pra cá, coronel quanto tempo, major tá sumido, e aí comandante como vai a família, mande um abraço aqui do amigo pra eles, são tantas patentes juntas, que nossas forças armadas, Marinha, Aeronáutica e Exército, perdem de longe.
Ainda falando da rua onde trabalho, aparecem sempre os pedintes tipo assim:
- Tem um traveco suuuujo que só, alto à beça, que tem o mesmo texto há anos, “como você está bonito, pode me dar uma ajuda, tô cuma fome, qualquer coisa, dez centavos serve”, pobre do infeliz, que resolve ajudar, e dá menos de R$ 2,00, ele joga a moeda longe, sai xingando @@@###%%%@@@ horrores. Vou descrever a figura pra vocês, alto, bem alto mesmo, magro, vem sempre com uma roupa imunda, na maioria das vezes descalço, poucos dentes, pele imunda da cabeça até os pés, um cabelo imundo, coberto com um lenço, como uma diva da antiga, jogado pelos ombros, uma saia longa, também imunda, um horror, mas, a noite no centro da cidade, nos proporciona coisas hilárias. Dá pena, pois as drogas e bebida estão consumindo ele, mas, o cabra é resistente, só eu já o conheço há doze anos.
- Tem também, uma turma de moleques, engraxates, que na realidade, só sujam seus sapatos, querem mesmo é dar um sumiço nos desavisados, que ficam dando mole com o celular, quando conseguem o que querem, saem num pinote doido, ninguém consegue pegar.
Hoje, como é a última sexta-feira do mês, e a rua onde trabalho é sem saída, quase todo mundo inventa um churrasco, sobem cheirinhos maravilhosos pelo ar, dá para sentir da minha janela, colocam rádios bem alto, tem os sons diversos dos botecos, fica um fuzuê divertido. Tem também um baile charme na rua mesmo, quem quiser dança, ou só curte, vão chegando os pretos de lei, negros arrumadérrimos, mulatas lindas, todos muito altos, com bumbuns de dar inveja, classudos. Fica bem cheio, para a felicidade de muitos garçons.
A área tem muitos encontros da classe GLBT, hilários, na sua forma de ser, nas cores que usam, a rua é só amor e suspiros, são muito boa gente, tenho vários amigos, dos quais adoro a companhia, gente inteligente e batalhadora, como tantas outras pessoas, que ás vezes os dissociam.
Antes que alguém brigue comigo, não vou chamar meu amigo negão de afro descendente, nem aqueles amigos que chamo de bicha véia, ou bichinha, de forma diferente, porque é politicamente correto, sou gorda, me sacaneiam também, e entre amigos é válido, sou totalmente contra a discriminação por qualquer motivo que seja. Sou a favor de que bandido é bandido, o que sobra é gente, seja qual for a classe social, raça, credo, opção sexual, política ou por qual time torce e até mais, a forma que a pessoa escolheu viver. Cada um no seu quadrado, cuidando da sua própria vida e todos podemos conviver bem.
É fantástica a descoberta de sotaques tão diferentes, muitos turistas passam por aqui, frequentam todos os comércios, sotaques que se misturam e se entendem, tudo é alegria. A noite também tem, seus inusitados dialetos e filosofias de bar, depois de umas e outras, algumas saideiras e expulsadeiras depois, a fala já embrulha um pouco, os papos começam a ficar, sem pé e sem cabeça, um filosofar mundano e com muita propriedade (só que não), pra quem não bebe nada, deve ser chato, para outros é engraçado, e descobri que Deus proteje muitos bêbados, pois chegam direitinho em casa.
Enfim, também é sexta-feira para mim, é de lei, ir tomar uma brejinha da boa, bem gelada, comer uns belisquetes, então, fiquem felizes, amem, se divirtam, aproveitem cada momento, da melhor maneira, pois eles são únicos e a vida é curta. Muitos sorrisos e alegrias para vocês, bom final de semana a todos.
Fui!
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2015.
Acho que não existe um dia tão esperado pelos trabalhadores em geral, do que a sexta-feira. Claro, que a espera de um filho, resultado do vestibular, o dia do casamento, férias e outros tantos, não entram nessa minha conta, são fatos irrefutáveis.
Já a sexta-feira, ah! sexta-feira, é a sexta-feira, as pessoas saem felizes do trabalho, seja para a casa, paras baladas, pro happy hour com os colegas, as maiores programações de paquera são ás sextas, muitos causos são contados nas mesas de bar, há muita alegria e gargalhadas entre as pessoas, parece que os problemas simplesmente desaparecem, por algumas horas.
Na rua do meu trabalho, os bares, botequins e espetinhos estão cheios, é um tal de pendura depois eu pago, mas, tudo se acerta no dia em recebem o salário. Dona de trailer de cachorro quente e tapioca, vira tia, é um vem cá minha tia querida, dá aí minha tia, haja parentesco. Dono de boteco dá logo patente, para os clientes mais constantes, é um tal de general pra cá, coronel quanto tempo, major tá sumido, e aí comandante como vai a família, mande um abraço aqui do amigo pra eles, são tantas patentes juntas, que nossas forças armadas, Marinha, Aeronáutica e Exército, perdem de longe.
Ainda falando da rua onde trabalho, aparecem sempre os pedintes tipo assim:
- Tem um traveco suuuujo que só, alto à beça, que tem o mesmo texto há anos, “como você está bonito, pode me dar uma ajuda, tô cuma fome, qualquer coisa, dez centavos serve”, pobre do infeliz, que resolve ajudar, e dá menos de R$ 2,00, ele joga a moeda longe, sai xingando @@@###%%%@@@ horrores. Vou descrever a figura pra vocês, alto, bem alto mesmo, magro, vem sempre com uma roupa imunda, na maioria das vezes descalço, poucos dentes, pele imunda da cabeça até os pés, um cabelo imundo, coberto com um lenço, como uma diva da antiga, jogado pelos ombros, uma saia longa, também imunda, um horror, mas, a noite no centro da cidade, nos proporciona coisas hilárias. Dá pena, pois as drogas e bebida estão consumindo ele, mas, o cabra é resistente, só eu já o conheço há doze anos.
- Tem também, uma turma de moleques, engraxates, que na realidade, só sujam seus sapatos, querem mesmo é dar um sumiço nos desavisados, que ficam dando mole com o celular, quando conseguem o que querem, saem num pinote doido, ninguém consegue pegar.
Hoje, como é a última sexta-feira do mês, e a rua onde trabalho é sem saída, quase todo mundo inventa um churrasco, sobem cheirinhos maravilhosos pelo ar, dá para sentir da minha janela, colocam rádios bem alto, tem os sons diversos dos botecos, fica um fuzuê divertido. Tem também um baile charme na rua mesmo, quem quiser dança, ou só curte, vão chegando os pretos de lei, negros arrumadérrimos, mulatas lindas, todos muito altos, com bumbuns de dar inveja, classudos. Fica bem cheio, para a felicidade de muitos garçons.
A área tem muitos encontros da classe GLBT, hilários, na sua forma de ser, nas cores que usam, a rua é só amor e suspiros, são muito boa gente, tenho vários amigos, dos quais adoro a companhia, gente inteligente e batalhadora, como tantas outras pessoas, que ás vezes os dissociam.
Antes que alguém brigue comigo, não vou chamar meu amigo negão de afro descendente, nem aqueles amigos que chamo de bicha véia, ou bichinha, de forma diferente, porque é politicamente correto, sou gorda, me sacaneiam também, e entre amigos é válido, sou totalmente contra a discriminação por qualquer motivo que seja. Sou a favor de que bandido é bandido, o que sobra é gente, seja qual for a classe social, raça, credo, opção sexual, política ou por qual time torce e até mais, a forma que a pessoa escolheu viver. Cada um no seu quadrado, cuidando da sua própria vida e todos podemos conviver bem.
É fantástica a descoberta de sotaques tão diferentes, muitos turistas passam por aqui, frequentam todos os comércios, sotaques que se misturam e se entendem, tudo é alegria. A noite também tem, seus inusitados dialetos e filosofias de bar, depois de umas e outras, algumas saideiras e expulsadeiras depois, a fala já embrulha um pouco, os papos começam a ficar, sem pé e sem cabeça, um filosofar mundano e com muita propriedade (só que não), pra quem não bebe nada, deve ser chato, para outros é engraçado, e descobri que Deus proteje muitos bêbados, pois chegam direitinho em casa.
Enfim, também é sexta-feira para mim, é de lei, ir tomar uma brejinha da boa, bem gelada, comer uns belisquetes, então, fiquem felizes, amem, se divirtam, aproveitem cada momento, da melhor maneira, pois eles são únicos e a vida é curta. Muitos sorrisos e alegrias para vocês, bom final de semana a todos.
Fui!
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2015.