PECADO IMPECÁVEL

Só tenha calma e consinta... e se permita. Sinta os panos etéreos dessa fantasia que nos veste. Forme sutilmente comigo essa cumplicidade velada... que não podemos confessar a nós mesmos... apenas vivê-la, nos limites bem próprios do não poder.

Não tenha medo, entretanto, porque sabemos que sonhamos sem alvo. Sem nenhuma pretensão pra depois. Nossa única esperança é a de podermos manter uma esperança, costurando imagens... estilizando o que jamais avançará o campo da idealização.

Só assim nos provocamos a salvo. Trocamos desejos, com olhares secretos que ninguém sabe ler. Negociamos armadilhas ocultas em gestos dissimulados. Adivinhamo-nos mutuamente, protegidos pela própria bolha da probidade que nos rodeia.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 25/02/2015
Reeditado em 25/02/2015
Código do texto: T5149402
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