NA AUSÊNCIA DE TALENTO NEM HARVARD SERVE

Machado de Assis, o maior escritor brasileiro, parece ser uma unanimidade e ter passado ileso pelos preconceitos (talvez eu esteja dizendo uma besteira e devo consultar os escritos de Arturo Gouveia rsrsrsrs), mas o segundo maior escritor do Brasil, Lima Barreto, mulato como Machado, sofreu e como sofreu!

A elite branca não podia entender como um negrinho daquele sabia escrever tão primorosamente!

O Lula, hão de convir afetos e desafetos, é um cabra muito inteligente! Se esse pau de arara tivesse nascido nos Estados Unidos, com acesso a uma educação de qualidade, seria um 'monstro'.

Mas como absorver que um sujeito que fugiu da seca, comeu farinha com borra de café, morou com a mãe e 7 irmãos no fundo de um bar, onde dividia o sanitário com os clientes bêbados, possa ter uma concepção de mundo dessa natureza?

Há um versículo na Bíblia que afirma: "fazei aos homens aquilo que quereis que os homens vos façam" (Mateus 7.12). E, parece, que o nordestinozinho aplicou-o com ênfase na sua própria vida: não tinha comida na infância, proporcionou pelo menos um prato de comida na mesa dos brasileiros pobres; não teve acesso à faculdade, construiu muitas universidades e escolas técnicas; a mãe lhe ensinara uma economia primitiva, mas eficaz: "não comprar fiado aquilo que não se pode pagar", quitou a dívida do FMI! Não conhecia Fayol nem Taylor. Não sabia quem era Peter Drucker, mas conhecia a vida! Há uma canção do Wando que diz: "Minha vida, tenha um pouco de paciência. Eu não sou um diplomado, mas sou doutor na vivência!"

Mas isto dói, e como dói, no espírito burguês! Por que não eu? Investi minha vida em Harvard, mas não tenho o talento que esse troço tem!

Até eu, que penso ter a cabeça arejada, fico a argumentar: por que é que eu não compus "What a Wonderful World"?

É como diz o poeta anarquista Fabio Mozart​: "Sorri, periferia"!