Cai a noite
De toda morte que paira sobre o mundo, a única que nos preocupa é a do nosso próprio corpo. Mesmo que a insignificância da rotina e o apelo miserável do consumismo nos tomem como completos idiotas.
Ficamos a pensar que nossa fala não pode calar, nossos olhos não podem parar de desejar e tolamente coexistimos com falsas razões.
Esperando o cair da noite, o nascer do dia, de forma repetida e ininterrupta, como se tal fato fosse à salvação para nossos pecados. Alguns dias, rezamos mais e em outros tantos de forma vã, pecamos menos.
Estamos reféns de uma cegueira coletiva, aonde tão somente poderá dar-se ao luxo da visão aquele que ousar desatar os nós da mente.
Dias, anos, décadas e séculos correm livremente ao vento e tudo tende a ir e voltar, a história é recontada apenas mudando peças, mas é sempre a mesma e cansativa ladainha.