A gaiola, a vida e a sociedade.
Entre tantos passos nas calçadas, tantos rostos que procuram esconder insatisfações e problemas, a fuga parece estar em um sorriso falso, uma foto bacana nas redes sociais ou um frase, sem ao menos ler o livro e tê-la com lema de vida.
Estamos presos a falsas escolhas que basicamente se resumem a X ou Y, quando se busca um Z como resultado. Trancados em nossos desejos, como pássaros em gaiolas, que cantam para disfarçar a tristeza de não poder se fazer livre.
Liberdade na palma da mão e nas pontas dos dedos, tão liquida que escorre pelas nossas angustias, frustrações, nos deixando longe de qualquer possibilidade de realização.
E pensamos volta e meia, precisamos continuar para mostrar a sociedade que não somos mais um, derrotado e infeliz, mesmo que o preço da vitrine seja o castigo da alma. Acabamos por não sorrir de forma verdadeira, não somos bons na nossa essência, esquecemo-nos de viver, para apenas sobreviver entre dividas e corpos vazios.
Um amontoado de palavras fica engasgado na garganta, servindo com chicote e marcando o corpo, vivemos presos as nossas gaiolas, sem estarmos preparados para sentir a liberdade, e ainda escolhemos nossa forma de punição, seja ela no futebol, politica, religião ou vícios.
Apegamo-nos a qualquer coisa que nos de uma possível sensação de segurança, quando de fato estar seguro muitas vezes significa não estar preso a nada. Não somos seres preparados para pensar e agir de acordo com nossas vontades, estamos sempre em função de algo ou algum bem do qual ele nos tem como posse.
Vivemos em uma enorme fantasia chamada sociedade, o canto que ouvimos certas vezes serve para disfarçar, em outras um pedido de socorro. Embora sempre busquemos alguma forma de nos sentirmos equilibrados e não acabarmos em um hospício por ter uma forma diferente de ver o mundo.
Ao final somos tão infelizes quanto qualquer animal em um zoológico, que ironicamente serve para nossa distração.