CRÔNICA SAUDOSA
 



 
                              Certo dia sentiu-me inquieto e saudoso. Remeti-me ao passado e iniciei uma navegação mental, parando aqui e ali na escola, no pátio de recreio da escola, nas ruas de chão batido, nas quadras esportivas, nos campos de futebol, nas praias, no mar, nas cachoeiras e me encontrei feliz. Aliás, imensamente feliz.
                              Ao mesmo tempo senti-me um tanto triste face à realidade atual, sabendo que somente as lembranças voltam ao passado, mas a vida e o estado de coisas jamais retroagem.    
                              Mesmo assim entendo que é normal para aqueles que vivem no mundo rodeado de pessoas e gente de todas as raças, cor, religião e níveis sociais, entretanto sempre está só.
                              Divaguei pela minha infância e adolescência afora e me encontrei naquele mundo encantado e feliz de quem nada pensa de mal e que só via o bem em todos os momentos e paragens.
                              Em todos os lugares sempre estávamos nos divertindo, estudando ou praticando algum esporte. Os meus amigos de infância, inseparáveis dentro ou fora da escola preenchiam os meus dias de contentamento e lazer.
                              Todos gostavam de tudo e por isso jogávamos bola, botões, taco (beti), bafo (figurinhas), piões e até peteca com as meninas. Na hora do lanche igualmente dividíamos tudo o que tínhamos e ninguém ficava de barriga vazia.
                              Íamos à cachoeira tomar banho gelado no verão. Na praia. Ah! Na praia era uma loucura e só alegria. Nadávamos, pescávamos, catávamos mariscos, crustáceos e moluscos de todas as espécies, jogávamos bola, ajudávamos os pescadores profissionais a puxar redes e assim nem víamos o tempo passar.
                              Ah! Esse tempo ingrato... Voa. Lá, naqueles tempos não tínhamos a mínima idéia de como seria o nosso futuro, pois só vivíamos o presente. Aqueles momentos eram gloriosos e indescritíveis, tratando-se de felicidade. Ela se fazia presente.
                             Assim insisti nas divagações e lembranças. Pelo menos disso eu posso hoje desfrutar. Acredito até que por conta dessa infância e adolescência tão venturosa eu cresci com uma imagem permanente da felicidade natural que Deus nos oferta diuturnamente.
                              Até porque daqueles momentos tão intensamente vividos, com amor e sem malícia ou maldade no coração, onde a alegria era uma constante é que advieram, penso assim, está fé e esse amor inabalável a Deus. Tenho sim, esperança de que todas as pessoas possam sentir essa mesma paz e harmonia que eu sito no meu cotidiano.
                              Voltando do transe momentâneo que não sei quanto tempo durou me senti renovado. Lembrar dos momentos felizes nos faz muito bem. É, sem dúvida nenhuma, uma das maiores bênçãos de Deus.
                              Agora, nessa minha crônica saudosa aproveito para agradecer ao Nosso Pai Criador, tudo o quanto recebi e principalmente esta inspiração. O dom da música e da poesia é o melhor presente que um Pai Amoroso pode dar a um filho e Ele me deu. SÓ TENHO A AGRADECER E NADA, ABSOLUTAMENTE NADA A RECLAMAR.