Olhares perdidos
Entrelaçado com olhares perdidos, a liberdade perde o sentido quando se está sutilmente preso a um desejo. Embora bocas quando sentem somente se calam e fazem todo ar ser raro nos pulmões.
Quanto mais o desejo toma conta das mãos tremulas, o corpo fica embriagado e a mente fica trocando passos com as idéias, um lento e demorado ritual aonde não existe pudor, apenas vida.
O corpo escorrega pelo tempo e os segundos são como pequenos instantes que não se podem ser guardados em fotografias, a memória insiste que apenas ela possua tal prazer e não mais, os olhos.
Não há luz e a escuridão tão pouco se faz presente, apenas seu lábios, vermelhos e contendo toda carne que um homem pode desejar tocar. Viciantes e mortais e tão leves quanto o vento, que cortam tudo que toca deixando marcas, que não se podem ver.
Lentamente os olhos piscam, lentamente as mãos se movem, aos poucos os pés dominam o espaço que lhe é permitido. Como uma pancada inesperada o mundo torna a girar, o som e as sensações rotineiras e tão mortais quanto um veneno a conta gotas preenchem o ambiente.
Mas todo o espaço que ocupa com sua beleza continua intocável, como se nada pudesse abalar, uma mulher absolutamente devastadora. Cujo único mal que faz é deixar homens aos seus pés.
Puxo o ar lentamente tentando recuperar o fôlego, por um instante que não seria para sempre, que não seria mais que alguns segundos de absoluta felicidade.
Corro minhas mãos pelo balcão, seus olhos acompanham em um movimento sutil imperceptível a outras pessoas. Encosto meus dedos em um copo, aonde tendo buscar em meio à bebida, um não motivo para simplesmente tentar.
Sem perceber, dou-me conta que minha mente me trai e agora observo apenas suas costas, que revelam pouco, mas que a fazem desejar, seus passos lentamente carregam minhas vontades para longe.
Transformando toda tensão e imaginação em apenas mais um lugar, mais uma noite e mais um quase amor, que o tempo, o desejo e o momento, quase deixaram estar.