O princípio de tudo

Quanto tempo de espera! Confesso que já não aguentava aguardar mais para voltar a fazer contato com meu reduzido número de leitores. Sempre reparti com esses generosos amigos momentos de minha solitária vida como aposentado, vez ou outra alterada por alguma viagem a terras de além-mar, como o passeio ocorrido recentemente.

O título deste texto destina-se a chamar sua atenção para as crônicas seguintes. Juntos, visitaremos lugares interessantes, recheados de acontecimentos históricos milenares e imperdíveis de ser lidos e guardados na memória para transmiti-los à família e aos amigos. Como queira o leitor!

No dia 5 de maio de 2014, quarenta e seis peregrinos da Igreja Memorial Batista de Brasília, à qual pertenço como membro efetivo, empreenderam viagem a Israel, Turquia e Grécia. Para alguns, como minha esposa e eu, era a terceira excursão à Terra Prometida e, agora, às Sete Igrejas mencionadas no Livro do Apocalipse. Estivemos, pois, revendo lugares bíblicos espalhados por Israel, Ilha de Patmos, Corinto, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia e Éfeso, cidades mencionadas pelos apóstolos Paulo e João, em suas cartas epistolares às primeiras igrejas cristãs.

Embarcamos no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, que se encontra em reforma para adequá-lo ao grande número de usuários. O aeródromo brasilense passou por mal-ajambrados reparos, com a realização de obras improvisadas e provisórias, objetivando satisfazer a demanda de passageiros por ocasião da Copa do Mundo de Futebol, recentemente realizada no Brasil. Felizmente, privatizado, parece tomar novas formas. Ainda bem!

Às 22h55, iniciamos viagem em avião da Airfrance. O espaço interno da aeronave é apertado. Cada fila contém dez poltronas, dispostas em linha horizontal, limitando a passarela dos corredores. Decorrido algum tempo, os passageiros foram premiados com fortes dores lombares e articulares. As pernas e o pescoço doíam, sem ter como acomodá-los convenientemente.

O jantar foi servido às 23h40. Os comissários distribuíram pratos constantes do cardápio expresso em três idiomas: francês, inglês e português. Escolhi frango à florentina. Para beber, recusei champanhe, vinho e cerveja. Optei por uma latinha de Sprite. Também renunciei ao café, por julgá-lo intragável.

Cansados e insones, muitos assistiram a filmes ou ouviram músicas no monitor fixado no espaldar da poltrona. Eu, particularmente, vi desenhos animados e li pela segunda vez o livro eletrônico gravado em meu ipad, intitulado O Peregrino, escrito na prisão pelo pregador protestante John Bunyan (1628-1688), encarcerado por ordem do rei Jaime II, da Inglaterra. A história narra a peregrinação de um homem ao Paraíso.

A excursão deve ser entendida como misto de peregrinação e turismo. Peregrinação, por considerar visitas às terras bíblicas – Israel e às Sete Igrejas do Apocalipse –; turismo, em virtude dos passeios a regiões da Turquia e da Grécia, berços das artes, da cultura, de acontecimentos históricos milenares e de valorosos expoentes do saber, como Sófocles, Eurípedes, Aristóteles, Fídias, Tuciclides, Sócrates, Platão, Cláudio Galeno, Hipócrates, entre outros. Essa plêiade de dramaturgos, escultores, historiadores, físicos, médicos e filósofos gregos legaram à humanidade relevantes conhecimentos.

A diferença de fuso horário entre Brasília e Paris é de 5 horas. O desjejum foi servido às 7h40, no horário francês, depois de doze horas de voo sobre o Oceano Atlântico. Iniciamos o processo de descida às 8h55, horário brasileiro. Na França, os relógios já anunciavam 13h55. Havíamos percorrido 8.765 km ou 5.446 milhas, desde Brasília.

Para minha esposa e eu, aquela era a quarta vez que pisávamos o solo francês. Na primeira oportunidade, ao escrever o livro Périplo de um Turista Tupiniquim, redigi a seguinte declaração: Paris me conquistou à primeira vista. Eu era seu apaixonado de longa data. Sofri por todo o tempo em que não lhe declarei esse amor sem limites. Meu sofrimento acabara. Prostrado a seus pés, estava ansioso para conhecer-lhe. Ainda embevecido, fiz-lhe uma saudação enamorada: “Bonsoir, mon amour”.

Aguardamos a próxima etapa da viagem por cerca de três horas, no gigantesco e luxuoso aeroporto Charles de Gaulle. Alguns companheiros foram às compras em lojas de variadas atividades, enquanto os mais comedidos optaram por um lanche rápido e um cappuccino de valores nada convidativos. Aliás, em aeroportos os preços são “salgados”.

Às 17h20, embarcamos para Amsterdã. O voo durou quase uma hora. Peço vênia ao leitor para falar rápida e sucintamente sobre Amsterdã, a Veneza do Norte: Amsterdã conta com cento e sessenta canais e mais de mil pontes embelezando sua bucólica paisagem. É um dos lugares mais encantadores do mundo, seja pela antiga arquitetura de seus edifícios ou pelos jardins coloridos de flores de todos os matizes. Guardo grata recordação dessa cidade de muitos amigos, que aos primeiros raios de sol reflete-se nas águas dos canais que a serpenteiam.

Por ocasião do embarque no aeroporto de Amsterdã para Tel Aviv, passamos por rigorosa vistoria individual. Dois funcionários da segurança do aeroporto, do sexo masculino e feminino, nos submeteram a exagerada verificação física. Fomos apalpados sem-cerimônia, inclusive com toque nas “partes baixas” do corpo. Também experimentamos os rigores investigatórios de eficiente máquina de controle. Retiraram as carteiras de cédulas dos nossos bolsos e chegaram à petulância de contar os parcos dólares e euros transportados franciscanamente pelos menos afortunados do grupo. Muito estranho aquele procedimento!

Embarcamos para Tel Aviv em avião da KLM, empresa holandesa associada à Airfrance. A cidade israelense foi o nosso último destino aéreo naquela etapa da viagem, uma cansativa jornada de dezessete horas de voo. Na chegada, acertamos os relógios, ajustando-os ao fuso horário de Israel, cuja diferença do nosso é de seis horas.

Encerro aqui a primeira parte descritiva da viagem, para não torná-la extensa. A partir da próxima crônica, falarei sobre cada lugar visitado, citando dados históricos e, onde couberem, versículos bíblicos ilustrativos.

As breves considerações a serem expostas justificam-se pelo fato de não ser meu propósito descrever extensamente sobre a geografia física, humana e cultural dos países visitados, dotados de histórias milenares. Abordo aspectos sucintos de acontecimentos memoráveis, obtidos por processo auditivo, de anotação, observação e pesquisa.

Até a próxima oportunidade. Não se “avexe”, amigo! A história será longa, porém transmitida em pequenos capítulos, a cada dia. Ao final, tenho certeza, você desejará confirmar o que direi, efetuando viagens como essa. Boa leitura!