A LIBERDADE DESPERCEBIDA

Às vezes ensimesmado, me vem a dúvida cruel. Será que todos os meus amigos virtuais estão lendo as mágoas, as alegrias, os protestos, as concordâncias, discordâncias e dissonâncias, que tenho postado nas redes sociais? Alguns; sei que o fazem, pois, quando não comentam nem compartilham, pelo menos curtem. Então fico alegre, apesar de poucos, mas logo me frustro. Afinal os tenho tantos, e tão poucos se manifestam? Mas logo retomo minha pretensa e indefectível racionalidade e justifico para mim mesmo: não se estresse meu velho e deslocado internauta, apenas se limite a se manifestar e o faça de forma contínua e profusa! Muitos, senão quase todos, estão te vendo e ouvindo, mas por razões que só a eles pertencem, preferem ver, ouvir e calar. E às vezes, é pelo silencio quase de ouro, que estão a captar seus apelos e suas ideias e a propagá-las, ou execrá-las, ainda que na própria mente deles, mas se dando ao direito sagrado do sagrado silêncio. É verdade, respondo a mim mesmo. Veja que agora tuas ideias e ideais certos ou não, benignos ou malignos, santificados ou satanizados, são difundidos, não para um canal restrito e para o qual, antes se exigia seleção prévia e retributiva, mas para algo que hoje, uma vez lançado, graciosamente, grava-se na eternidade terráquea e temporal. E sabe por quê? Respondo ainda a mim mesmo: porque a INTERNET, talvez, tenha sido a última e definitiva conquista da humanidade no que se refere á LIBERDADE HUMANA, algo que fugiu irremediavelmente ao domínio tirânico dos detentores do Poder. Mas me permito lamentar, enfim: pena que as modernas mentes escravizadas não se deram conta, ainda, da própria e inexorável liberdade. Tal e qual os escravos, logo após a Lei Áurea.

ARAKEN BRASILEIRO
Enviado por ARAKEN BRASILEIRO em 28/08/2014
Reeditado em 08/09/2014
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