Como nasce um político
Era uma vez, numa cidadezinha do interior, um homem chamado Prometeu.
Prometeu era um homem muito solícito, tudo ele resolvia. Problemas de responsabilidades do poder público, ele os levava até o órgão competente e saia com uma resposta positiva. Problemas de escolas, crianças, uniformes, merendas escolares,etc... Nossa! Ele resolvia facilmente. Problemas de buracos nas ruas e estradas eram apresentados junto á Prefeitura de seu município e, satisfatoriamente, resolvidos.
Naquela cidadezinha humilde do interior, havia também, alguns empresários, banqueiros e associações. Eles necessitavam de alguém que os representassem na câmara, e que seus interesses fossem resolvidos como: isenção de impostos, aumentos em seus produtos e serviços, etc. Prometeu, que era um homem querido na comunidade e conhecido por muitos, chamou a atenção de parte dessas classes, que não perdeu tempo em recrutá-lo para suas manobras políticas.
Prometeu, um homem íntegro, de caráter ilibado, honesto, sem nada que o desabone em sua conduta, foi convidado a participar de uma reunião onde se encontravam os tais empresários, e foram colocadas algumas propostas e metas para que o futuro político seguisse.
Prometeram a Prometeu uma conta bem generosa em Paraísos Fiscais, em troca de alguns favores políticos, projetos de lei que fossem aprovados ou reprovados, dependendo dos interesses empresariais.
Prometeu logo se assustou com a proposta ali feita e disse: e o povo! Eles cobrarão as injustiças feitas. Os projetos de lei de interesses comunitários seriam reprovados e, certamente, sofreriam.
Os representantes dessas classes, ali presentes, rapidamente, perguntaram a Prometeu: Você gosta de dinheiro? E ele respondeu. Certamente que sim. Quem é que não gosta de dinheiro neste mundo? Pois então você fará o que nós combinamos, correto! Esqueça este nome chamado “povo”, que chega a nos dar asco. Nunca mais pronuncie este nome nojento. Você só estará autorizado a pronunciá-lo em época de eleições, a qual trará a baila nossa renovação de contrato. Aí, sim, estarás autorizado a prometer ao povo tudo aquilo que jamais cumprirás. E dessa forma se elegeu Deputado.
No início, Prometeu se sentiu um tanto que frustrado, pois seus princípios morais, seu caráter, sua honestidade, foram por água a baixo. Mas logo foi se acostumando com aquela bela vida, não precisava trabalhar, era só votar os projetos de interesses dos empresários e ficar numa boa. Seus familiares o condenavam por certas atitudes incoerentes com seus princípios, mas com tanto dinheiro entrando, e a vida gloriosa que levavam, logo também aprovaram a idéia de viver sem caráter.
Prometeu promete que faz isso. Promete que faz aquilo outro, e assim vai vivendo de promessas em promessas. E o povo que se exploda. Este é o verdadeiro desejo do novo “promessinha”.
Hoje, Prometeu se encontra num paraíso. Está rico, com muito dinheiro nos famigerados paraísos. Viaja pra onde quer, leva uma vida de rei à custa dos miseráveis, pessoas que têm direito de viver também, mas que são devoradas pelos interesses nocivos, malditos, acobertados desses canalhas.
Na teoria, Prometeu deveria representar o povo lá no Congresso Nacional, mas na prática, representa as classes privilegiadas da sociedade, empresários, banqueiros, empreiteiras, associações, donos de escolas e de hospitais particulares, que enchem seus bolsos. E o povo, como grande idiota, fica na esperança de que o político eleito seja seu representante no Congresso. Ledo engano.
Prometeu, na verdade, virou um cometa que aparece de quatro em quatro anos, para renovar seu contrato, com a referida classe privilegiada, através dos votos daquelas pessoas traídas pela sua confiança.
Ao votarmos, estamos apenas elegendo uma peça da engrenagem de uma grande máquina: o poder público, mas na verdade, a máquina está totalmente deteriorada. Aquela peça que você elegeu será engolida por essa máquina e, logo estará também estragada, em desfavor de todo o povo que nela depositou sua confiança.
E assim, nasce um político que se diz honesto, mas que trabalha incessantemente, buscando seus próprios interesses e de uma minoria privilegiada dentro da sociedade.