Mineiro não Perde o Trem
Qualquer ditado popular, de um modo geral, tem algum fundamento e, neste caso, fui testemunha de sua autenticidade. É bem verdade que a palavra conhecida como “trem”, lá em Minas Gerais, é usada também para significar outras coisas. Por exemplo, quando uma mulher boa passa o mineiro diz logo: “Eta trem bão!”, ao referir-se a algum objeto, diz assim: “Esse trem não vale nada, sô”.
E eu tenho know-how para falar sobre o assunto, por ser mineiro, uai. Mas de fato, o mineiro, sendo pontual como costuma ser, é raro que se atrase. Há exceções, é claro, mas são poucas.
Particularmente, aconteceu de fato um caso inusitado e que não foi por falta de aviso.
Dindinha ia viajar e eu já estava ficando nervoso, pressentindo que minha avó poderia perder o trem. Estava com a passagem comprada e o embarque seria às dez horas, na Estação de Cataguases, com destino ao Rio de Janeiro. Minha querida avó ficou procrastinando, confiando na pequena distância da nossa casa até a Estação.
Quando faltavam apenas sete minutos, resolveu sair às pressas mas, não podendo correr, por ser idosa e gorda, foi acelerando, dentro dos seus limites, é claro.
Resultado, quando chegamos, o trem apitou e foi saindo vagarosamente. Minha avó teve uma explosão de nervosismo e culminou chamando, aos gritos, o Agente da Estação, dizendo que jamais poderia perder aquele trem.
Ante aquele alvoroço armado, na iminência de ver a senhora sofrer um enfarte, o Agente deu três apitos e o trem parou, a uns cem metros da Estação.
Fomos andando pela linha férrea, no meio das pedras; eu carregando uma mala pesada, mas ela não perdeu o trem...
Tinha marcado com sua irmã para se encontrarem em Além Paraíba e prosseguirem juntas até o Rio de Janeiro.
Fomos andando pela linha férrea, no meio das pedras; eu carregando uma mala pesada, mas ela não perdeu o trem...
Tinha marcado com sua irmã para se encontrarem em Além Paraíba e prosseguirem juntas até o Rio de Janeiro.