O BRASIL E A COPA DO MUNDO
Concordo com várias críticas sobre a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, afinal, parecem claros os tropeços relativos a planejamento, execução e, sobretudo, cronograma de obras de mobilidade urbana, sem falar em desperdício, inadequação e exageros na construção de alguns estádios. Quanto à corrupção ou politicagem, novidades inexistem; “quid novis? ”. Não seria uma renúncia a Copa do Mundo que regeneraria nossas elites. Citar o ex-Presidente João Baptista Figueiredo é despropositado, por todas as razões, notadamente por vivermos noutra fase e pelo simples e elementar fato de que o General era bem mais afeito aos equinos. Ademais, não se pode olvidar que o Brasil sediou uma Copa do Mundo em 1950. Por que não agora? Sim, concordo que seria bem melhor aplicar em saúde e educação a verba correspondente ao gasto do Poder Público, mas quem é que diz que isto seria feito? Creio que nada de melhor seria realizado sem a Copa do Mundo, tudo continuaria nas habituais previsões orçamentárias, sem qualquer acréscimo importante. A corrupção e a politicagem sumiriam magicamente? Pelo menos, estamos gerando empregos, novas obras bem importantes, turismo, ganhos especialmente do comércio e serviços e impostos, projetando o país, quer queiram ou não. Evidentemente que não será o acontecimento do século, mas desprezar as conquistas econômicas e sociais do evento é paixão sectária, ideológica, que não combina com bom senso e, muito menos, com a nossa epidérmica vocação para vibrar com este tipo de acontecimento esportivo, que mobiliza a população, seja o evento no Brasil, na Ásia ou na África. O mérito não será de pessoas, partidos políticos ou da Fifa, mas do conjunto da sociedade que viabilizará e dará grandeza à competição e, ao final, apesar de carregar algum elefante branco, aproveitar-se-á de obras que não teriam sido realizadas tão cedo, se fossem efetivamente concretizadas. Em alguns países, aproveitam nossa própria autocrítica para falar mal do Brasil e fazer um pouco de escândalo com as nossas conhecidas mazelas, mas ninguém é bobo na aldeia global, esses países já foram ou eventualmente ainda hoje são palco de acontecimentos piores em matéria de segurança pública, direitos humanos e equilíbrio social.