COISAS DO AMOR
(José Ribeiro de Oliveira)
Não dormi. Mas parece ter sonhado acordado. Pesadelos tive. Me encontrei contigo, no campo. Corremos juntos. Quanta habilidade e destreza ao fugir de mim. Mas te peguei, já quase esgotado. Te ergui em meus braços. Ajoelhado, te espalhei como um fardo de penas, ressuscitado pelo desejo. Te contemplei em todo o universo de ti mesma, sob o domínio do meu querer. Te vi voluntariamente posta aos meus caprichos. Caminhos, mil caminhos. Deixei-me ir. Foste comigo. Me perdi, mesmo contigo, que perdida igualmente estavas. O relógio te roubou de mim, agressivamente gritando. Não dormi. Coisas do amor, Formidável viagem, deslizando pelo mundo do inconsciente de fértil curso, por entre as sensações que entorpecem a alma de quem ama e geram sensações que se convolam em angustias e se traduzem na vivência fantasiosa dos experimentos do amor. Vida, vivida, sentida, sofrida e, paradoxalmente querida, desejada, compartilhada, essencial, coisas do amor.