O TEMPO
(José Ribeiro de Oliveira)
Tudo em seu tempo, assim disse Deus! O tempo passa por nós ou passamos por ele? O tempo vive em nós ou vivemos nele? Cada um de nós tem um tempo, e vivemos nele. E nele vivemos e realizamos o que dá o nosso tempo. O tempo de cada um é único, improrrogável. Estamos, portanto, dentro de um tempo, que é inexato, indeterminável porém, finito. O nosso tempo difere do tempo de outros, que antecederam ao nosso tempo ou que sucederão ao nosso. Também viveremos o nosso tempo diferentemente dos nossos contemporâneos, vez que, o tempo de cada um é vivido ao modo de cada um. Portanto, não passamos pelo tempo e nem o tempo passa por nós, passamos somente o tempo e não pelo tempo, porque se assim fosse, viveríamos em tempo não nosso. Não ultrapassamos o nosso tempo, ainda que nele mais tempo houver, será sempre o nosso tempo, individualmente estabelecido, embora não determinado para quem vive o tempo. Por isso, não se vai antes do tempo e nem se chega antecedentemente ao seu tempo. O tempo, romanticamente, leva e trás, amores e dores, lembranças e esquecimentos. O tempo passa, o tempo voa, na ilusão dos poetas, para enfeitar o tempo de cada um. O presente quase não tem vida na fragmentação do tempo, vez que retrata apenas os acontecimentos, que se iniciam no presente e terminam já no passado. O passado, já não existe. O futuro, também ainda não. E o presente é uma ficção somente para referências e registros, fragmentados por um calendário que, imaginariamente, dá temporalidade ao decurso do tempo.