O DESPERTAR DO POETA
José Ribeiro de Oliveira
Enquanto nos outros o despertar do sono se dá pelo relógio, no poeta, o sono é despedido pela inspiração. E antes mesmo que os olhos visitem o clarear do dia, a mente já passeou pela coxia da alma. É o pensamento que acorda o coração, então fibrilante, na calmaria do metabolismo orgânico. Se raia o sol, vibra a áurea poética na expectativa de um novo sentir, se choram as nuvens, exorta o peito à nostalgia. Como o jornalista, que acorda pensando na notícia do dia, o poeta desperta pensando, para além dos acontecimentos, extrair com sentimento, um registro em poesia.