PELO NOSSO NÓ

Estou no ponto em que não quero mais viver nenhum recuo. Confiança reduzida. Cumplicidade freada. Nenhuma espécie de "alto lá", mesmo com os devidos e incômodos ares de carinho e gentileza.

Justo quando cheguei à magia de uma relação com que sempre sonhei, não quero ter simplesmente que voltar no tempo. Desde o começo, julguei que manteria possível nossa fábula, exatamente no auge do encantamento, mesmo que um dia ela viesse a ser só minha. Coisa da minha cabeça; digo; do meu coração incorrigível.

Caso tenha sido apenas um engano da minha escassez de noção, da minha fé na boa fé do outro, que se consuma o fim. Não as adequações, o "cada coisa no seu lugar", as aparas e o chamamento à tal noção... a descida indisfarçável, mesmo assim disfarçada, em busca do meio termo que pra mim nunca houve.

Amo todo absurdo que alcançamos, ou pelo menos achei que sim: nosso compromisso sem compromisso; nossa união sem status; uma cumplicidade sem culpa... sem "o que será que será".

Se tudo passou a ser demais pra você, o que restar de um passo atrás será de menos pra mim. Não quero me dar por satisfeito ao descobrir que jamais descobri o elo perdido das relações afetivas.

Nem me proponha, veladamente, um inaceitável "pelo menos"... "mais ou menos"... "pegar ou largar"... a resignação deplorável de saber e aceitar que não passará de um doce laço comum, este nó que nos ata sem atar... que nos tem livremente presos um ao outro.

Não quero retrocessos. Regressões. Ou seremos cada vez mais quem somos ou seguirei sozinho... com quem sempre serei.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 19/03/2014
Reeditado em 19/03/2014
Código do texto: T4734964
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