Insônia

Procuro razões que me façam querer levantar da cama. A voz que chama, não veio por mero acaso de instância. Mas veio por ser voz de saudade. Voz que não cansa. E que sincera sempre busca sinceramente satisfazer esse aperto na garganta, que a permite mesmo muda falar por pensamento. A esse escritor que aqui sentado, com um peito fechado e olhos abertos, busca compensar o buraco no peito e a falta de discernimento com as próprias mãos. Que abertas que estão se entregam com a alma para curar essa saudade. Não mais só dela, mas agora também minha. Divide-se então o desalento de dois insaciáveis que ainda não satisfeitos de si, se entregam mutuamente nessa relação infinita de afeto. Escapatória do passado, suporte do presente. E agora, as letras que jorram em gotas de água fazem de mim o pior abraço. O pior amigo, o maior descaso. Que mesmo ainda sóbrio em seu núcleo, busca se manter acordado. Que em meio a gritos de Tyler, busca ser apenas Jack. Um resignado sonâmbulo que se entrega a palavras ao invés da destruição. Que na maior audácia permitida a ele, comete o pecado que só seria cometido por um ser sensato, mas que se fez necessário pelo triste contexto: já escrito o título, escrever o texto.