Dane-se
Essa noite depois de muito tempo ouço o gotejar do céu no telhado;
Enfim a chuva;
Aqui da poltrona sinto o cheiro da terra molhada;
Abro a gaveta de livros, mas ler essa noite não servira de acalanto;
Sento em frente a escrivaninha;
ponho de face para baixo aquele porta-retrado; não quero companhia; aqueles velhos papeis de carta com caricaturas ainda me inspiram; desligo as luzes; apenas o mostrador do radio-relogio como fonte de iluminação; ja marca duas e trinta e sete; dane-se; vasculho a gaveta; nenhuma caneta ou lápis descentes; no pote apenas lapis coloridos; pego um preto para compensar o amarelado do papel;
Maldita seja a hora; duas e quarenta e três; vem á mão aquele lapis de olho; mal apontado; carcomido na extremidade sem ponta; Nostalgia; quem o deixou aqui?; uso da Wasabilidade e driblo o receio; durante minutos olho para as linhas vazias; as ideias não vem; nem mesmo o sono; bebida não é uma possibilidade; o gelo acabou e vinho Suave tambem; restou apenas o Seco; assim como minha cabeça essa madrugada; seca;
Já é três e doze; dane-se;
Dane-se; Abro um vinho; bebo no gargalo; horrivel e pior que Eu sabia; pego o lapis de olho; aponto até ele desaparecer por completo; perdi a vontade de escrever; arrumo o porta- retrado face para mim; esta vazio; as fotos se foram; fato; ascendo as luzes; procuro na gaveta aquele livro de versos que escrevi uma noite dessas;
Vou ao quintal; cavo um buraco na terra fofa;profundo; e o profano; jogo la dentro o livreto;os velhos papeis de carta; as garrafas vazias; as lascas do lapis;
o porta-retrato e o radio-relogio;
Já não sei das horas; dane-se;
A ultima pá de terra é lançada; me enterrei ali; uma gota escorre pela minha face; Enfim é a chuva;
Foram bons os dias de Sol
Dane-se