Mobilização geral
Recentemente, recebi e-mail de um dos meus inúmeros contatos. A mensagem cibernética foi escrita por eminente advogado da capital paulista. Intitulada de “Mobilização Geral”, foi transmitida a amigos e colegas de profissão, na expectativa de vê-la multiplicada e repassada aos brasileiros que exigem urgentes mudanças na conduta dos seus representantes na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores espalhadas por mais de cinco mil municípios brasileiros.
Segundo o autor da mensagem, o povo clama por justiça. O terceiro estado, o povo, como ele o denomina, não tolera mais tanta incúria por parte de nossos dirigentes, exigindo-lhes competência, espírito público, bons propósitos e, sobretudo, honestidade.
O povo cansou da gastança desenfreada, do apadrinhamento político, do aparelhamento estatal, da ausência de brasilidade e dos desmandos administrativos nos quase quarenta ministérios, em boa parte ou em grande escala comandados por marginais travestidos de homens públicos. Perigosa quadrilha age sorrateiramente, dilapidando o patrimônio nacional.
Essa gente enriquece rapidamente. Engorda seu patrimônio pessoal sem ser alcançada pelos agentes da Receita Federal e até da Justiça, que somente agora abriu os olhos para puni-la, como o fez aos integrantes do Mensalão, o maior esquema de corrupção e de desvio de recursos públicos de que se tem notícia, desde que Pedro Álvares Cabral pisou esta terra “em que se plantando tudo dá”. Dá até ladrão. E muito! Felizmente, o povo acordou e somente agora tem consciência de que “mudar é preciso”, como diria o velho guerreiro democrático, Ulisses Guimarães, de saudosa memória.
O bem intencionado autor do e-mail a que me reporto nesta oportunidade, defende a convocação das pessoas de bom caráter, ou seja, dos insatisfeitos com “tudo isso que está aí”, para uma concentração nas principais cidades do país, contra a degradação moral por que passa o Brasil, depravação que vem devastando o nosso conceito de nação ordeira e de “país do futuro”, tempo vindouro difícil de ser alcançado, caso os atuais políticos permaneçam em seus cargos.
Faço minhas, com a devida vênia, as sugestões do ilustre advogado paulista, acrescentando algumas ideias próprias ou nascidas da inteligência de amigos do meu círculo de amizade. Estamos todos imbuídos do firme propósito de “sacudir” este país, para vê-lo brevemente transformado. Reflitamos, pois, sobre a seguinte proposta, a ser consubstanciada em projeto de lei de iniciativa popular:
Redução do número de parlamentares em todas as esferas do legislativo (federal estadual e municipal); do número de partidos políticos, limitando-os apenas a duas agremiações; da extorsiva carga tributária; extinção do Senado Federal, adotando o sistema unicameral; da contribuição a partidos políticos; dos institutos e fundações de pouca ou nenhuma serventia; das ONGs oportunistas e de rara utilidade pública; das empresas governamentais de todos os níveis (federal, estadual e municipal) que só servem de cabide emprego; da aposentadoria integral e imoral de deputados e vereadores, assemelhando-a a dos demais funcionários públicos; das mordomias injustificáveis, como, por exemplo, carros oficiais, hospedagem em hotéis de alto luxo, viagens semanais de deputados federais à Brasília e de parlamentares ao exterior, que nada mais são do que passeios bem renumerados com dinheiro público; e instituição do imposto sobre grandes fortunas...
O advogado paulista convida o povo para uma gigante concentração popular na Avenida Paulista e em todas as capitais brasileiras, a ser oportunamente marcada. O objetivo será o debate para instituir lei de iniciativa popular, objetivando moralizar a administração pública, acabar com a sem-vergonhice política, os desmandos de toda ordem, a roubalheira... E muito mais! Você leitor, se disposto a comparecer, o que deveria fazê-lo como bom cidadão, vá em paz. A violência nunca será a solução para os graves problemas morais deste Brasil corrupto e devasso.