Livros

I

Constituídos de nada. Que solitários que são, buscam apenas se escreverem com outros livros, em outros livros. Não em forma de best-sellers, mas em forma de reticências. Subjetivas. Consoladoras.

...

II

Cheios de palavras vazias que não fazem significado algum em pura sobriedade ocasionada pela ressaca de uma boa dose de sono. Preenchidos de sentimentos colocados em outros livros que por suas palavras - quem sabe sóbrias – ocasionaram uma sobriedade maior. Pior. Verbetes preenchidos de letras que foram soltas em meio às folhas desse livro e que queriam nada mais do que serem puro vocábulo. Ou outro algo qualquer, simples que fosse. Letra. Traço. Ponto. Ideia.

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III

No silêncio de uma comum estante gritava de pensamentos uma simples folha que se repousava embaixo de uma ponta de lápis quebrada. E foi desse parto ocasional que nasceu a ideia, que já constituída como uma, fazia nada senão pensar. Em que era, em que queria ser. Pensou então consigo que só precisava ser traço. Um apenas, que fosse. Na melhor das sortes possíveis, três. Três. Queria ser reticência, para alcançar o mundo com toda a graça de sua subjetividade. Para alcançar o coração daqueles que precisando de qualquer conselho, fossem achar um em uma coisa tão simples. Tão abstrata. Tão ponto. Por saber que há em livrarias ou outras estantes de quartos pontos que pensam como ela. Que vivem como ela. Estagnados em busca de uma redenção que talvez se encontre em outra folha ou em outra ideia, outro nada que os façam sair da triste infelicidade de não estar em escrito algum. Em papel algum.