Uma questão de ética, uma questão de classe.

Revendo os meus alfarrábio, encontrei esse texto que escrevi em 2008.

Comparando as datas, percebi que nada havia mudado. Portanto. Estou reeditando com a esperança que ele deixe de ser atual, o mais breve possível.

De vez em quando um nova onda aparece assolando o pais. Quando não é uma nova gripe, vinda não se sabe de onde, é um ataque de patriotismo que acontece de quatro em quatro anos, por ocasião da copa de mundo. Tem também as olimpíadas, que pinta de verde e amarelo a alma do povo, nacionalista de ocasião. A mais recente, até parece que a coisa é séria, é um verdadeiro surto de honestidade e indignação, invadindo os lares brasileiros. É claro que eu estou falando da classe média, bem educada e bem alimentada. A classe povão, na qual eu me incluo, não está dando a mínima para a choradeira da classe emergente, ascendente ou decadente. dependendo do quanto está ganhando ou perdendo com as variações da maré econômica. O povo mesmo, só quer saber se vai receber o salário no fim do mês e se vai dar pra comprar comida. Se sobrar algum pra cerveja... Alegria pura!

A coisa se complicou, quando, ninguém sabe quem, que órgão oficial ou recreativo acabou com a categoria, que até então era chamada de “remediada”. Para explicar melhor: Remediado era aquele trabalhador que conseguia pagar as contas no fim do mês, sem deixar um “rabinho” para o mês seguinte. Não faltava, e quando sobrava, era um pouquinho de nada, guardado como uma reserva de emergência. Não tinha cartão de crédito, nem cheque especial. Se não era feliz,mas, pelo menos, vivia tranqüilo. Até que um dia, os deuses do capitalismo, resolveram transformá-los em bons consumidores. Foram promovidos à classe média. E como tal: Deveriam consumir. O supérfluo virou essencial. Não tem dinheiro? Não tem problema! Cartão de crédito nele, cheque especial, pague à perder de vista. TV de plasma. DVD. Geladeira de quatro portas. E o que não pode faltar: Um carro novo... Onde já se viu, viver sem um carro zero? E o tranqüilo cidadão remediado, agora desesperado, pendurado, e constantemente no vermelho, competindo sem saber com quem, perde o controle das contas, em seu novo padrão de vida, muito acima da sua realidade financeira. E para o seu maior sofrimento, não está muito na frente da plebe ignara e suburbana, que na atual conjuntura, também vem adquirindo os mesmos bens de consumo, mais modestos e verdade. porém, sem entrar no vermelho. TV, DVD. Celular, e mais uma porção de bens, supérfluos ou não, mas, que pobre também tem direito. É aí que o nosso emergente, sentindo a aproximação do proletariado quase a seu nível social, começa a sofrer. A culpa é dos governantes, dos políticos, da falta de ética, da corrupção... Concordo que além de competência, a ética e honestidade, fazem parte dos deveres e obrigações dos políticos. Isso nem se discute. Mas, a falta de ética e desonestidade, não é um privilégio ou prerrogativa dos não políticos. Daí a ideia de escrever esse texto.

Eu estava no banco pacientemente aguardando a minha vez na fila do caixa, quando um sujeito, aparentando uns quarenta anos, se tanto, começou a vociferar contra a conjuntura as estruturas , senadores, deputados, e os governantes em gera. - Ninguém presta! Bando de incompetentes! Que país é esse? Isso é Brasil! E foi por aí, repetindo os bordões dos pseudos intelectuais anos 70. Brasileiro é burro e acomodado... E continuou, enchendo o saco dos presentes, e esculhambando os ausentes. Enquanto ele estava falando mal só dos políticos, tudo bem. |Mas, quando começou a falar do Brasil, e dos brasileiros. Aí me ofendeu Sou brasileiro sim. Sou povo sim senhor! Mas, não sou burro nem acomodado. Tive que me defender, não só a mim, também o Brasil, que é a minha pátria. Sou brasileiro, e não quero ser outra coisa. Falei com educação, mas, com muita firmeza: - Cavalheiro por favor. Eu concordo com o senhor, quanto a desonestidade e falta de ética, mas, essa fila é a dos idosos, o que o senhor não é. E se fosse, é bom que fique sabendo, que o final é lá atrás. E vá pregar moral e ética na...... E mandei mesmo.

São Beto